19.6.24

Junho é assim...

 Praia e futebol.




Pelo menos, em Cascais. Trânsito caótico; restaurantes e esplanadas a abarrotar....e obras e mais obras... A maioria dos transeuntes é estrangeira.

18.6.24

Não quero acreditar


Começou o campeonato da Europa... e Portugal entra a perder. Parece que ´'meter' os velhos é solução, mas estão muito enganados... Se emendarem a mão, pode ser que eu volte a acreditar...
Há por ali demasiada ferrugem!

(Por fim, o JOVEM Francisco Conceição resolveu.) 

15.6.24

É pouco o que tenho a dizer

Terminei a leitura da Odisseia, de Homero. Finalmente, Ulisses regressou a casa, mas sem ter fundado Lisboa. A preocupação dele não era ficar, mas, sim, contornar os obstáculos humanos e, sobretudo, divinos... Nós é que nos imaginamos fundadores por decreto divino, porém a realidade é bem diferente...
Entretanto, durante a viagem de regresso a Ítaca, fui lendo O Tartufo, de Molière, esse bem mais próximo de nós: em nome de Deus, tudo fazia para enriquecer, apoderando-se dos bens dos mentecaptos que lhes surgiam ao caminho, e há  cada vez mais! 
E sem que a odisseia tivesse terminado, iniciei a leitura de Meu Pai, O General Sem Medo - Memórias de Iva Delgado. Lê-se com interesse, mas a ação do General acaba por ficar na sombra: bom pai e bom marido, até ter partido para o exílio no Brasil... Há que proteger os seus! E ficar bem na memória...
Comecei, há dias, a ler A Guerra e Paz, de Tolstoi... e ainda não sei bem o que pensar...

(Estou quase pronto a voltar à Escola, mas ainda não recebi convite. Parece que o Sr. Ministro da Educação quer que os professores aposentados retomem a carreira. Só não diz até que idade! Se for até aos 70 anos, ele que se apresse!)

8.6.24

Falar e errar, sem culpa, livremente... com olhos e boca

 

I

Almeno:

Da  minha idade tenra, em tudo estranha,

Vendo (como acontece) afeiçoadas

Muitas ninfas do rio e da montanha,

Com palavras mimosas e forjadas,

Da solta liberdade e livre peito,

As trazia contentes e enganadas.

Écloga II

 

II

Oh! Quanto já que o Céu me desengana!

E eu sempre porfio

Cada vez mais na minha teima insana!

Tendo livre alvedrio;

Não fujo o desvario;

E este que em mim vejo,

Engana co’a esperança meu desejo.

Ode à Lua

III

Amada Circe minha

(Posto que minha não, contudo amada),

A quem um bem que tinha

Da doce liberdade desejada

Pouco a pouco entreguei,

E, se mais tenho, inda entregarei

Ode IV

 IV

Quem pode ser no mundo tão quieto,

Ou quem terá tão livre o pensamento,

Quem tão experimentado e tão discreto,

Tão fora, enfim, de humano entendimento

Que, ou com público efeito, ou com secreto,

Lhe não revolva e espante o sentimento,

Deixando-lhe o juízo quase incerto,

Ver e notar do mundo o desconcerto?

(…)

Que, por livre que seja, não se espante?

(…)

Dir-me-eis que, se este estranho desconcerto

Novamente no mundo se mostrasse,

Que, por livre que fosse e mui esperto,

Não era de espantar se me espantasse;

(…)

Ó inimigo irmão, com cor de amigo!

Pera que me tiraste (suspirava)

Da mais quieta vida e livre em tudo

Que nunca pôde ter nenhum sisudo?

Oitava I

 V

Assim vós, Rei, que fostes segurança

Da nossa liberdade, e que nos dais

De grandes bens certíssima esperança:

Nos costumes e aspeito que mostrais

Concebemos segura confiança

Que Deus, a quem servis e venerais,

Vos fará vingador dos seus revéis.

E os prémios vos dará que mereceis.

Oitava III, Sobre a seta que o Santo Padre mandou a el-Rei D. Sebastião, no ano do Senhor de 1575

 VI

E se quiser saber como se apura

Nũa alma saudosa, não se enfade

De ler tão longa e mísera escritura.

Soltava Eolo a rédea e a liberdade

Ao manso Favónio brandamente,

E eu já a tinha solta à saudade.

Elegia I

VII

Se quero em tanto mal desesperar-me,

Não posso, porque Amor e Saudade

Nem licença me dão pera matar-me.

Elegia II

 

VIII

Que pois já de acertar estou tão fora,

Não me culpem também se nisto errei.

Sequer este refúgio só terei:

Falar e errar, sem culpa, livremente.

Triste quem de tão pouco está contente!

Com ter livre arbítrio, não mo deram,

Que eu conheci mil vezes na ventura

O melhor, e o pior segui, forçado.

Canção X

CAMÕES, 500 anos

4.6.24

Um sinal...

 


O seu a seu dono, costumava dizer-se... Lição esquecida, apesar de tempos a tempos irromper um sinal de esperança...

Por agora, vou vivendo o choque da descontextualização: da apropriação de situações, intencionalmente deformadas, e que dão corpo à fantasia, bem distante da verdade.

Para que a ambiguidade não ocupe toda cena, o melhor é ler a Ilíada e a Odisseia do enigmático Homero... De facto, as histórias que nos foram contando como originais, são, afinal, imitações, e nem as descidas aos infernos se salvam - ver Ulisses no Hades.

E claro, não fossem as criaturas dos universos superiores e inferiores, não teríamos tantos heróis.... Essas criaturas é que tudo decidiam!

2.6.24

Por pouco...

(Pormenor do Jardim Bordalo Pinheiro, no Palácio Pimenta, no Campo Grande...)

Para lá do jardim, uma transeunte incauta... No interior, o espaço decorado pela Joana Vasconcelos, maneirista para os olhos e artificial, como seria de esperar nestes tempos sem alma...
A condizer, os pavões, vaidosos... em jogos de sedução intermináveis...


E claro, discretas e envergonhadas, as estátuas de Carmona e da Verdade...



E depois há as revoluções, com sinal de stop vermelho... por pouco, não fiquei à espera que ele passasse a verde...