27.8.24

A condição do tempo


Este blogue teve, outrora, a pretensão de se inscrever no tempo, sem dele dar conta, ocupando-se, pretensiosamente, da duração...
Por incompetência ou por esquecimento, a descontinuidade instalou-se e o fio quebrou, ou os acontecimentos fúteis foram ganhando relevo e, ao mesmo tempo, perderam significado...
Sobrou, a necessidade de preencher a frágil linha do tempo... 

Esse preenchimento levou-me à leitura tardia de GUERRA e PAZ... e agora que já vou no Apêndice,  cito a propósito:
... ao passo que o homem atua sempre no tempo e é arrastado pelo curso das coisas. Restabelecendo esta primeira condição, tão desprezada - a condição do tempo - vemos que a mínima ação não pode ser executada sem outra anterior, que a tornou possível.

25.8.24

Longe do mar...

Embora não pensar nisso possa ser anestesiante, a verdade é que a leitura de A Guerra e Paz, de Tolstoi, me obriga a pensar na cobardia dos napoleões deste tempo que invadem, ocupam, arrasam terra alheia, como se estivessem a fazer um favor a alguém... e, sobretudo, obriga-me a pensar na má-fé de historiadores, comentadores que se deixam inebriar por palavras incapazes de explicar o que quer que seja, pois a realidade não obedece a planeamentos por mais racionais que possam parecer... O melhor é ler o romance, pois ele explica bem a voragem a que todo o ser humano é submetido durante a sua curta ou longa vida.
E já agora, desconfio que o Putin nunca leu Tolstoi... e sonha com Napoleão, o pequeno...

19.8.24

O melhor é não pensar nisso

 

mas eles estão por todo o lado... não fossem os rios e as montanhas, a questão nem se punha.
No entanto, não é o relevo que impõe limites, muralhas de todo o tipo. Na Natureza, não há canhões. Foi o homem que os inventou para solidificar o seu poder.
Por agora, vou soltar o barco e deixar-me ir nas páginas de Guerra e Paz, pois começo a acreditar que Tolstói escreveu tudo o que havia a dizer sobre os jogos de poder, bélicos e todos os outros...

17.8.24

O Âncora corre para o mar...

Os rios correm para o mar cujas águas nunca se queixam... Por vezes, regressam alteradas, mas somos nós que as imaginamos assim.
Não fosse a sede de poder e tudo seria mais sossegado. De qualquer modo, por mor que seja a matança, a vida continua...
No intervalo, corre a depressão coletiva...
Hoje é sábado, passa o comboio, as gaivotos não deixam de planar... e é todos os dias assim.

15.8.24

Não se discute...

A lição é de Bertrand Russell, in A Conquista da Felicidade:

«Não se discute com um estado de alma; este pode ser modificado por qualquer acontecimento feliz, ou alguma mudança do nosso estado físico, mas nunca por um argumento.»

Pois, não duvido, mas ainda não aprendi a lição. Manhã cedo, tudo é mais claro, mas quando o vento sopra ou o calor aperta, lá vêm os inevitáveis argumentos...

Barcos em terra, à espera do quê?

10.8.24

Da serenidade...

Para quem procura a serenidade, isto está difícil.

Ontem fui ouvir (e ver) Dieb 13 Beatnik Manifesto na Fundação Calouste Gulbenkian, e saí atordoado... Já me esquecera que onde surge a palavra manifesto aparecem certamente rejeição e proposição.  E, assim, penso que acontece nesta produção. Desde o ralo gigante que tudo absorve à rede que tudo implode... Depois há que voltar ao som cavernoso e animalesco das origens, para desembocar num US desorientado e ambíguo...

No essencial, parece que o ralo e a rede  se conjugam para nos triturar, embora andemos bem avisados...

6.8.24

Hipocondríaco

Sempre que o verão avança, torno-me hipocondríaco. 
O calor esgota-me, o sol cega-me, perco o equilíbrio, as mãos incham... não suporto pesos... e até escrever se torna uma maçada....
Entretanto, leio 'os escritos sobre arte de Baudelaire' e, sobretudo, avanço na leitura da Rússia francófona de Tolstoi, fascinada pelos patéticos imperadores que dominavam a Europa... e vou pensando que, afinal, hoje, apesar de Napoleão ter deixado de ser francês, o mundo pouco mudou e que Tolstoi soube dar corpo ao fastio que minava o mundo....
E já agora acrescento que não sou insensível ao retrato que Baudelaire traça da medíocre arte francesa, embora os 'franceses' tendam a considerar-se superiores, tal como por estes dias de águas inquinadas do Sena...
E de Telavive, o que dizer? E de Trump, o que pensar?
- UMA VERGONHA!