«como de facto dia a dia sinto que morro muito,
melhor é pôr-me de lado quando alguém puxa dos números,
agora parece que já ninguém nasce,
as pessoas agora querem é morrer,
e como não morrem bem porque no esplendor das obras as compensações são baixas,
procuram a morte módica,
vão todos juntos para as praias onde não há socorristas,
praias do inferno sem nenhuma salvação...»
Herberto Hélder, A Morte Sem Mestre, pág. 31, 2013
Não é que queira contrariar o Poeta, mas é inevitável que os críticos literários ocupem o tempo a contar o número de vezes que ele de forma explícita, ou não, se refere a esse acidente da vida que é a morte... Por outro lado, a opção pela morte é uma consequência da austeridade imposta pela parte mais esperta da humanidade, não havendo, para a maioria, alternativa: Que a terra os engula ou o mar os leve sem testemunhas, sem custos!
Afinal, somos menos do que o risco sulcado na terra seca que o mar se prepara para abraçar, embora sem data definitiva...
(Se os versos são do Herberto Helder, a foto é minha. Quanto aos críticos e aos espertos, ficam sem nome...)