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24.6.11

Ser ministro…

Ser ministro pressupõe disponibilidade para mudar de vida…

Nas análises que vêm sendo feitas, por exemplo, de Nuno Crato, há um traço comum: o conservadorismo do cidadão. Rebuscam-se a obra publicada, entrevistas dadas, artigos dispersos para o crucificar.

Ninguém quer saber das linhas programáticas do novo ministro para o ensino e para a educação; ninguém espera para verificar se a inteligência, que, apesar de tudo, lhe é reconhecida, trará um novo rumo, uma nova equipa capaz de redefinir as prioridades com menos despesa,  melhor aproveitamento dos recursos humanos e, sobretudo, com efectiva melhoria das aprendizagens.

À partida, nada nos garante que um progressista faça melhor do que um conservador. O que está em causa é compreender se o ministro tem um projecto adequado à realidade, e se é capaz de se rodear de uma equipa homogénea que, longe dos holofotes, sirva a colectividade.

O problema é que há demasiadas luminárias!

24.1.11

Indício ou evidência?

Sem checklist, e à medida da experiência de cada um!


Na tragédia antiga, os indícios criavam cumplicidades com o espectador, dirigiam-lhe a imaginação e impediam-no de naufragar no pântano das emoções ou no calculismo dos argumentos. Sem eles, não havia experiência!

Hoje, nada deve ser deixado a cargo da experiência! Se não for possível guardá-la numa prateleira, o melhor é submetê-la ao filtro  da evidência (conjunto de itens que devem orientar o observador) com o fito de desmoralizar o “esperto”… E o melhor caminho é o da quantificação, pois a excelência impõe entre 2 e 4 evidências. E porque não entre 3 e 5 evidências?

De qualquer modo, prometo que, de futuro, só voltarei a falar de evidências, se algum distinto observador tiver aplicado uma checklist  de 7 itens a cada uma delas…

De acordo com o meu amigo Jorge Castanho, este novo linguajar não passa de uma forma de legitimar o poder daqueles que tudo fazem para “matar o pai”. E eu concordo e estou farto de dar o peito às balas de usurpadores incompetentes.

Em criminologia, creio que os investigadores ainda se contentam em descobrir os indícios, pois a experiência lhes diz que as evidências já condenaram muitos inocentes à forca ou à cadeira eléctrica.

Claro que este discorrer parece incoerente, mas a coerência não existe, conquista-se seguindo pistas (as antepassadas dos indícios!) em trilhos invisíveis a qualquer EVIDÊNCIA.

19.12.10

Por demonstrar…

O dia de hoje foi um pouco diferente do de ontem. Com menos frio. Continuei, no entanto, a corrigir trabalhos de última hora, alguns reflexo de enorme preocupação  dos autores em melhorar os seus desempenhos. Já há quem seja tão perfeccionista que corrige e reformula as vezes que eu quiser!

Estou a referir-me a um conjunto de jovens que, provavelmente, se submetidos ao Programme for International Student Assessment (PISA), obteriam resultados que permitiriam, por extrapolação, colocar Portugal nos píncaros da Lua.

De qualquer modo, mesmo que esta amostra possa compensar as inúmeras horas despendidas, fica sempre a frustração de que muitos estudantes não valorizam nem a leitura nem a escrita e, sobretudo, o desespero de que estas ferramentas são cada vez mais utilizadas de forma desonesta.

Ao contrário de Daniel Sampaio que pede que «não nos esqueçamos de que os dados do PISA são uma boa notícia que os nossos jovens nos trouxeram» (Pública, 19.12.2010), eu creio que se trata apenas de resultados que procuram tapar o sol com uma peneira.

(Continua por demonstrar como é que Portugal passou a estar na média da OCDE – entre a excelência e a desonestidade a fronteira é ténue.)