12.9.10

Antes do anoitecer…


Antes do anoitecer, já a cidade dá sinais de que o dia seguinte será de labuta furtiva. Uma Lisboa encardida cresce tentacularmente nas ruas e vielas, escondendo a pobreza dos indígenas e dos estrangeiros que, solidários na miséria, caminham lado a lado, na expectativa de que o sol, um dia, possa brilhar para todos.

11.9.10

Dissimetrias…

Se as cidades se deixam cercar por ilhotas de betão, onde se escondem múltiplas actividades mais ou menos clandestinas, embora os terrenos sejam cedidos pelas câmaras municipais, quando viajo para o interior do país tudo muda. Nos últimos anos, os olivais, copiosos, nascem que nem cogumelos, sem que se perceba de onde saiu o capital para o investimento nem para onde migram as mais-valias resultantes do negócio. Por outro lado, os campos, desertos, estendem-se secos e cobertos de mato… A dissimetria do território reproduz a dissimetria mental de quem nos governa… A pobreza expõ-se bem visível; a riqueza exuberante exíbe-se, rosto bem dissimulado… 

10.9.10

A arte de se esconder…

Nos últimas semanas, percorri parte dos concelhos de Oeiras e de Sintra, ficando com a ideia de que o território está a ser vítima de um verdadeiro assalto. Ali se encontram escondidas centenas de empresas, muitas delas, quase, clandestinas. Descobrir-lhes o lugar e os contactos é uma verdadeira aventura. Fica-se com a sensação de que não querem ser encontradas. As urbanizações que as encobrem são verdadeiros labirintos, onde ninguém conhece ninguém. Durante o dia, não há sinal de qualquer policiamento.

O trânsito, designadamente de veículos pesados, é caótico, sinal de uma verdadeira azáfama que, no entanto, não parece controlada por qualquer autoridade. Interessante seria se alguém prestasse contas do contributo que estes ‘nichos’ trazem à economia nacional.   

6.9.10

A antecipação…

Alunos há que se apresentaram hoje na escola, bem-humorados e com promessas de trabalho esforçado e honesto. Asseguram até que já têm com eles os novos manuais. Esperemos que não seja fogo-fátuo!

5.9.10

Ao fim da tarde…

Com a dose de sardinha a 13 €, sobram os reflexos do aço e da luz. Infelizmente, a água mostra-se demasiado viscosa. E nem vale a pena referir o ruído contínuo do tabuleiro da ponte e dos aviões que o sobrevoam.

/MCG

4.9.10

Facetas de Belmonte…

O  rio Zêzere (o vale; o museu); a terra dos cabrais ( panteão; museu das descobertas); o castelo (as fronteiras); o museu judaico e a sinagoga; Zeca Afonso (aqui fez os estudos primários, aqui descobriu a toada da poesia popular); a fruticultura ( o museu do azeite)…

/MCG

2.9.10

YUKIO MISHIMA noTeatro da Comuna

Hanjo estreia hoje. Paulo Lage encena, de forma sóbria, mas excessivamente robotizada, esta peça, escrita em 1956, sobre o comportamento humano. Sobre a loucura e o egoísmo. Sobre quem tudo espera e sobre quem nada espera (Suzana Borges / Joana Metrass). No final, será o homem a perder tudo (Elmano Sancho). A recompensa acaba por sobrar para quem diz que nada espera mas tudo vai manipulando…
PS: Em noite de calor, não se esqueça de levar um leque.