3.8.11

Do alto…

 Quando olho fotos mais antigas, apercebo-me que outrora subia aos castelos para me sentir senhor de uma paisagem que não era minha.

Esta ideia de posse, hoje, não faz qualquer sentido. Passámos a olhar reverencialmente os castelos sem lhes conhecer os senhores.

31.7.11

Num sábado…

Não sei quem mora na cave daquela oliveira de encosta. Um dia destes, acampo debaixo da figueira mais próxima… e espero.

As pereiras, logo que se viram livres do mato que as cercava, decidiram ser o maná das abelhas e das aves. E eu, oportunista, antecipei-me…

Um ponto de fuga explodiu no Museu Oriente para me mostrar que a arte é muito mais do que os meus sentidos costumam alcançar…

O poço resiste ao abandono, lembrando tempos de iniciativa…

28.7.11

A pobreza…

Na cidade, a pobreza é mais grave.

Invisibilidade. Violência. Indigência.

A pobreza na cidade é mais grave do que nos campos, porque é possível escondê-la, dela morrer anonimamente; porque a rejeição e a marginalização despertam naturalmente uma resposta violenta; porque facilmente se cai na indigência, perdendo qualquer sentimento de auto-estima, qualquer traço de humanidade.

Neste cenário, que medidas tomam os governos contra a pobreza nas cidades? Apenas pensam na recapitalização da banca! Como se a banca não fosse uma das causas da desgraça que cai sobre nós!

À pobreza, a banca nada diz. A banca só arrasta para a pobreza…

Um governo que pensa mais na banca do que na invisibilidade, na violência e na indigência dos governados, é porque apenas serve o capital. É um pobre governo!

27.7.11

Exotismos!

Valorizamos facilmente o exótico. As árvores de porte altivo são quase sempre exóticas! Sem elas não teríamos jardins, naturais, tropicais ou outros!

Sem a intervenção estrangeira, Portugal não teria sido fundado nem, ao longo dos séculos, teria conseguido manter a soberania…

Hoje, acreditamos que a TROIKA não deve ser confundida com qualquer cavalo de Tróia…

Finalmente, estamos psicologicamente disponíveis para aceitar  avaliadores exóticos (externos).

Nuno Crato, 6ª feira,  anunciar-nos-á que uma nova TROIKA chegou ao Ministério da Educação. E nós bateremos palmas!

E depois andamos surpreendidos com o despertar violento do nacionalismo, embora pensemos que se trata de uma manifestação de exotismo – finlandês, austríaco… norueguês…

Haja paciência!

24.7.11

Maria Lúcia Lepecki

Pode parecer exagero, mas, com a morte de Maria Lúcia Lepecki, Portugal fica mais pobre. Era uma das poucas pessoas que, neste país, sabia ler e ensinar literatura – portuguesa ou francesa.
Tinha um método e aplicava-o à vista dos seus alunos. Não se apresentava como hermeneuta ou exegeta – era uma leitora metódica e perspicaz, incapaz de desprezar o receptor. Tratava-o com carinho, mesmo quando este se revelava pouco familiarizado com o texto…

Não sei se praticava a áskesis (ascese), mas, desde que a conheci, ainda nos anos 70 na Faculdade de Letras de Lisboa, até ao “encontro” sobre José Cardoso Pires, no Auditório da Esc. Sec. de Camões, sempre a vi como uma mulher virtuosa, no sentido que Diógenes de Sinope atribuía ao termo virtude. 

E para sempre assim ficará!

22.7.11

Carvalhal do Pombo na Literatura…

«Na sua casa da Avenida da Duque de Loulé faleceu o  conceituado capitalista e filantropo Afonso Ruas, natural de Carvalhal do PomboAquilino Ribeiro, O Arcanjo Negro, pág.97 

Em que circunstâncias terá Aquilino Ribeiro conhecido tão ignoto lugarejo?

A que Bajonca (barão da Bajonca papalino ou manuelzinho) se estaria Aquilino a referir ao escrever.«aquele Bajonca, que assim se chama a portela de Carvalhal do Pombo onde a avó, que atiraram à margem, deitou ao mundo aquele que passa por seu pai.» ibidem, pág. 102.

Apesar do desconchavo do mundo ( atentados de Oslo), a Literatura não pára de me surpreender!

20.7.11

Luz e sombra…

 Se as tarefas se amontoam ou a vontade é frágil acaba-se por não conhecer o que está na sombra ou para além da fachada.

Mesmo entrando, se à pressa, as peças da história podem deslumbrar, mas apenas isso.

Do martírio desta Santa Eufémia (porque há outras!) até  este registo crescem as sombras…

e nós, contentes…

e eu, apressado, já nem sei porque comecei…

(É tão cedo e já tão tarde!)