A visita à Casa-Museu permite que me desfaça da ideia que Pessoa quis impor: a de que o cosmopolitismo de Eça seria fruto do deslumbramento do provinciano…
2.8.14
Eça revisitado: Casa-Museu Eça de Queiroz
1.8.14
Portela de Gôve
Primeira impressão, num dia de verão cinzento. Exceção: A Casa do Almocreve – acolhedora e bem decorada.
31.7.14
A mim, o que me espanta...
Há uns dias, referi-me, aqui, aos Contos Municipais do António Manuel Venda, omitindo deliberadamente uma parte do que caracteriza a construção da narrativa: o recurso à hipérbole, à animização, à caricatura... Apesar do mérito do autor, o impacto da obra não é grande. Afinal, o meio retratado é provinciano, quase magrebino. E as elites da capital têm mais em que pensar e, sobretudo, APOIAR...
Não sei por onde é que andam os caricaturistas, mas matéria não lhes falta...Talvez, tendo ido ao BES, não tenham vontade de sorrir nem de fazer rir...
A mim, o que me espanta é a expressão hiperbólica do fenómeno: "torpedo", "hecatombe", "catástrofe", "nunca visto neste jardim, nem no tempo do BPN", "colossal", "trágico", "uma ministra desesperada por não conseguir ver-se livre disto, refugiando-se em bruxelas", "um seguro espantado por ter sido enganado pelo governador do banco de portugal (outro costa!)...
A mim, o que me espanta é que ninguém esteja preso ou, pelo menos, que alguém se tenha suicidado...
30.7.14
Qual é a pressa?
O médico de família, na sequência de observação através de ecografia feita e avaliada por médico especialista, entende que o paciente deve submeter-se com urgência a uma TAC – tomografia axial computorizada. Só que o exame complementar de diagnóstico tem de ser autorizado pelo chefe da Unidade de Saúde Familiar (UHF).
Hoje é 4ª feira, a TAC poderia ser realizada amanhã, 5ª feira. No entanto a autorização só será concedida (?) na próxima 3ª feira, à tarde.
Consequência: o exame só será realizado no dia 14 de Agosto.
29.7.14
Não sei o que pense desta fraternidade
O investigador imagina-se caçador. O investigado não quer ser tomado como CAÇA, pois ainda sonha ser a pessoa que nunca chegou a ser. Não se nasce pessoa e muito menos boa pessoa!
O candidato tudo faz para destruir o candidato. A única finalidade é ser ELEITO! Depois se verá, se ainda houver povo... Já começo a pensar em tornar-me candidato para destronar o candidato a candidato. Só não o faço porque o meu boletim clínico é agoirento e me falta a estrutura acionista...
O estadista reivindica ser filho do povo, o banqueiro não se importa de ser bastardo do patrão da criada que o trouxe ao mundo...
O acelerador de partículas desfaz os miolos a pessoas que se fazem passar por respeitáveis, mas que, no íntimo, sabem que não passam de pequenos traidores.
Nada do que possamos fazer ou padecer é original. Há sempre quem tenha experimentado as mesmas dores, conheça, de antemão, o nosso futuro. Há sempre quem queira tomar decisões por nós. Ser senhor de nós.
Não sei o que pense desta fraternidade, se age por amizade, por piedade ou porque receia a solidão. É, no entanto, uma fraternidade que nos esvazia, que nos impede de SER.
Quando deliro, chego a pensar que a culpa de tudo isto é da estrutura acionista e da robótica.
28.7.14
Contos Municipais, escritos de baixo para cima...
Entretanto, a associação mental está a ficar para trás, ou, melhor, está a dar lugar a outras ligações umbilicais: de Mário de Carvalho a Mia Couto, sem descurar José Eduardo Águalusa. Não querendo comprometer o António Manuel Venda em qualquer ligação perigosa, regresso à primeira associação mental: Gabriel Mariano, Cultura Caboverdeana, Ensaios...
Pensava eu que me seria fácil recorrer a uma citação do poeta e ensaísta Gabriel Mariano (aliás, José Gabriel Lopes da Silva) sobre a importância dos meios pequenos, quando me apercebi que a relação entre a memória e o lugar na estante pode tornar-se uma dor de cabeça... Da estante, saltaram, à vez, Vida e Morte de João Cafume, Ensaios, Claridade revista de Arte e Letras... e nada ou quase:
A cultura fez-se de baixo para cima. Não se fez da Casa Grande para a sanzala como sugere G. Freire.
No essencial, o que tenho a dizer da obra Contos Municipais é que ela foi escrita de baixo para cima, mesmo quando as nuvens pairavam sobre a Câmara Municipal de Monchique, de Portimão, de Tavira...
/MCG
/MCG
27.7.14
Situações de exceção
a) O secretário de Estado da Administração Pública está neste momento a negociar com os sindicatos a tabela salarial única e a revisão dos suplementos.
b) O atual secretário de Estado da Administração Pública, José Leite Martins, nomeado no final de 2013, depois de quase uma década como inspector-Geral das Finanças, criou e manteve uma situação de exceção para muitos quadros de topo da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) que dura há vários anos. (...) Existem atualmente 24 inspetores cuja remuneração é ainda calculada com base nas regras anteriores a 2009, o que, na prática, representa uma diferença na ordem dos €1500 brutos por mês face ao que ganham os seus colegas que assumiram o cargo depois dessa data....
- Quantas serão as situações de exceção neste inefável país?
- Como é que o criador da exceção citada pode ser o negociador da tabela salarial única?
Hoje também poderia falar de outras situações de exceção: Marcelo Rebelo de Sousa a comparar o pobrezinho do amigo Ricardo Salgado com o Paulo Bento; o tristonho presidente da República a comparar a Guiné Equatorial com a Coreia da Norte...
Vou ficar por aqui, pois não sei o que pensar. Lembro-me, contudo, que, há pouco tempo, na Coreia do Norte, foi encontrada uma professora que ensinava Português sem nunca ter tido a possibilidade de cavaquear com um nativo desta ditosa pátria...
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