30.1.19

Coisa velha


António Costa considera que “só vale a pena” negociar com os professores quando houver “alguma coisa nova a propor”

António Costa considera que “só vale a pena” negociar com os professores quando houver “alguma coisa nova a propor” - fonte: 


Até o primeiro-ministro António Costa deveria saber que o argumento é fraco. Isto da 'coisa nova ' é coisa velha de quem não sabe que coisa quer, pois se o soubesse já teria encontrado uma solução para aqueles que diariamente tratam da 'coisa pública', independentemente de serem professores, enfermeiros…

29.1.19

Anónima

Anónima, respira melhor, até porque ela não está à venda e até já nem arde… Não  passa de lugar remoto, onde vão caindo agulhas soltas - pedaços de dia em desalinho…Tudo incompleto, sem início nem fim, como se uma curva dobrasse o caminho…O que lá cai, morre, e o  resto não chega a germinar…Por vezes, um fogacho arrebata-a. Vanitas! Expressão de vazio caída na calçada endeusada…Anónima, sem início nem fim, na curva do caminho vai soletrando mais um dia em desalinho. Perturbada, já deixou de estar em linha. Quem a quer, assim, desgrenhada? Anónima.

28.1.19

De olhar fixo no chão

A imposição da escolaridade obrigatória até aos 18 anos não se coaduna com a elevação do nível de conhecimento… 
Misturar quem não se esforça minimamente com quem se empenha diariamente é uma medida populista, agora reforçada com a tão propagandeada escola inclusiva… 
Ao docente é exigida uma atenção permanente à indisciplina, à diversidade linguística e cultural, à incapacidade, à menoridade e à maioridade, ao humor parental, à pedagogia diferenciada, ao desnorte educacional… num espaço obsoletamente equipado…
Quando passo por um docente e o vejo de olhar fixo no chão, sinto que que ali vai alguém amargurado - uma das muitas vítimas de um sistema perverso que quer acomodar, mas não educa nem ensina.

27.1.19

Só palavras incisas

(Apenas água e café. Nem vinho nem whisky.)
Ontem, Kino 2019, fui ver o documentário (?) da colaboração 'improvável' entre dois artistas: o crítico e cineasta alemão Wolf-Eckart Bühler e o ator americano Sterling Hyden…
Durante a longa sessão, dei atenção a três tópicos: o cais de Besançon, nas margens do rio Doubs, onde o Batelão do ator se encontrava atracado; a figura física do ator que permanentemente me lembrava D. Quixote; o prolongado arrazoado sobre o alcoolismo com a ideia subjacente de que sem o alcool e a droga a vida perde sentido… 
O espaço fechado, onde voluntariamente a personagem se move, convida à escrita, enquanto que o alcool e a droga a inibem… 
Por mim, nem viagem nem alcool nem droga… só palavras incisas! E destas, tudo por dizer… e pouco de Leuchtturm des Chaos.

25.1.19

Por aqui

A rotina, apesar de certos sobressaltos, não sai de si.
As promessas, passados os festejos do orçamento, caem em sono moribundo à espera das campanhas que se avizinham, já com novos partidos prontos a enterrar os antigos… 
Os arautos da nova ordem securitária afinam as gargantas sobre as periferias abandonadas, agora iluminadas por incendiários pagos à peça…
E nós, sossegados, cruzamos as ruas, esquecidos de que a rotina é a nossa espada de Dâmocles…

24.1.19

Nota sumária

Não tenho jeito para tertuliano, embora admire o espírito dos comensais que se reúnem a pretexto de temas nobres… e que, no meu entendimento, derrapam facilmente…
De qualquer modo, os momentos de admiração e de elogio mútuo são necessários à sobrevivência da espécie… O que seria dela se se visse obrigada a abdicar do caldo verde e do copito… 

23.1.19

Filhos de um deus deposto

Obter a chave ou as chaves para poder interpretar os textos, tomados como redes semânticas autónomas, como visões do mundo particulares, poderia ser motivo suficiente para entrar na sala de aula…
Na verdade, eras houve em que assim foi. O aluno entrava na sala de aula sequioso de aprender, disponível para acolher as noções, os conceitos que davam corpo à cultura. Ser culto pressupunha a capacidade de abordar os signos nos respetivos contextos, seguir-lhes o diálogo por vezes sem saída e mesmo assim respeitá-los…
Hoje, com a morte do contexto, com o esvaziamento da situação, de tão frágeis os signos perderam todo o fulgor que iluminava os passos dos discentes…
Hoje a simples alusão a Deus num contexto verbal específico, à Vontade divina numa visão do mundo poética, é suficiente para libertar os demónios desafiadores de qualquer padrão de cultura.