23.1.19

Filhos de um deus deposto

Obter a chave ou as chaves para poder interpretar os textos, tomados como redes semânticas autónomas, como visões do mundo particulares, poderia ser motivo suficiente para entrar na sala de aula…
Na verdade, eras houve em que assim foi. O aluno entrava na sala de aula sequioso de aprender, disponível para acolher as noções, os conceitos que davam corpo à cultura. Ser culto pressupunha a capacidade de abordar os signos nos respetivos contextos, seguir-lhes o diálogo por vezes sem saída e mesmo assim respeitá-los…
Hoje, com a morte do contexto, com o esvaziamento da situação, de tão frágeis os signos perderam todo o fulgor que iluminava os passos dos discentes…
Hoje a simples alusão a Deus num contexto verbal específico, à Vontade divina numa visão do mundo poética, é suficiente para libertar os demónios desafiadores de qualquer padrão de cultura.

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