11.5.19

Às arrecuas, a União europeia

O federalismo
Formação_federalismo

Viriato Soromenho-Marques, Portugal na Queda da Europa, Temas e Debates, Círculo de Leitores, p.349:

«No domínio conceptual encontramos a raiz da objeção contra o federalismo efetuada em nome do privilégio da homogeneidade, sob todas as suas formas. Na verdade, ela abriga-se, não num conceito, mas sim num preconceito, que poderemos designar como uma metafísica naturalista da identidade política.» 

Nestas eleições para o Parlamento Europeu, como só me interessam as invisíveis propostas federalistas, sinto-me incapaz de avaliar o que se está a passar em diversos países… até porque não me é dada a possibilidade de votar numa proposta transnacional… 
Resta-me voltar a ler Kant e procurar compreender porque é estou a andar ao contrário.


10.5.19

Inaudíveis, as palavras

Quando as vias respiratórias superiores claudicam, as palavras tornam-se inaudíveis. Do outro lado, alguma compreensão, embora, em certos casos, predomine a indiferença e até um certo desafio…
Hoje, no entanto, vi-me confrontado com alguma amargura, porque os poetas (os escritores) parece que desconhecem a alegria: é só tristeza, dor, pequenez…
Apesar do dia não ser o mais alegre, lá fui explicando que a poesia ou é  narcisista ou lacrimejante - celebra a glória pessoal e coletiva; celebra a perda…
Na literatura portuguesa predomina um sentimento de perda (de impotência individual e nacional) ou, então, de nostalgia mais ou menos infantil, mais ou menos patrioteira…
E daqui não saímos, nem mesmo quando nos oferecem bilhete para construir uma outra europa -federalista e solidária…
Quando as palavras se tornam inaudíveis, há que desconfiar das reticências.   

9.5.19

Notas sobre a história da pontuação

C’est au IIe siècle av. J.-C. que l’on estime la naissance de la ponctuation grâce à Aristophane de Byzance (257- vers 180), alors conservateur à la bibliothèque d’Alexandrie, qui utilisa un système de trois points pour couper les phrases : le « point parfait », positionné après la dernière lettre, en hauteur, indiquait que le sens de la phrase était complet ; le « point médian », situé à mi-hauteur, avait la fonction de notre point-virgule actuel ; quant au « sous-point », placé à l’extrémité inférieure d’un mot, il faisait office de point final. On retrouve d’ailleurs dans ce système de points l’étymologie du mot « ponctuation », du latin punctus qui signifie « point ». A história da pontuação
Au Moyen Âge, Gasparino Barzizza, (1370-1431), rédige le premier traité de ponctuation, La Doctrina punctandi.
La ponctuation s’est surtout développée avec l’apparition de l’imprimerie (vers 1440). Goeffroy Tory (1480-1533), par exemple, invente l’apostrophe et le point crochu qu'Étienne Dolet (1509-1546) renomme « virgule » dans son ouvrage Traité de la ponctuation de la langue françoise plus des accents d’ycelle. La Renaissance est également l’époque où l’on invente les signes diacritiques (comme la cédille et les accents). Les signes de ponctuation tels que nous les connaissons sont des apports successifs liés à l’essor de l’imprimerie. Ils seront pleinement organisés à partir du XVIIIe siècle. Dans l’article Ponctuation  de L’Encyclopédie, Nicolas Beauzée défend avec force l’intérêt de la ponctuation. Il la règle sur les besoins de la respiration.
No início do século XV, o ponto, a vírgula e os dois pontos tornaram-se frequentes. No século XVI, surgem as maiúsculas, a apóstrofe e o ponto de exclamação.
No entanto, até ao século XVIII, a pontuação só tem o valor de «respiração». A partir dos finais do século XVIII, a pontuação passa a ter uma função gramatical - ela influencia o sentido da frase.
No século XX, a utilização da pontuação é regulamentada, apesar de todo o tipo de transgressões.

Le XXIe siècle et l’apogée de l’Internet ont vu la ponctuation se métamorphoser ; les smileys et le langage SMS apportent des éléments nouveaux, propres à l’époque dans laquelle nous vivons

8.5.19

O Nogueira do Sindicato

Ouvi dizer que o Nogueira do Sindicato está a pensar em abandonar o Partido Comunista. Surpresa! Espanta-me que o PC acolha árvores de tal porte… Sempre me habituei a pensar num Partido rigoroso… por vezes, até demais.
Os tempos andam revoltos. Hoje vi tratar o Nogueira como «o professor de Coimbra» e logo pensei que se trataria da reencarnação do de Santa Comba…
A esta hora, o Nogueira deve estar a acender uma vela à UTAO!

Mais 398 milhões de euros: é este o custo que teria a recuperação integral do tempo das carreiras especiais, estima a UTAO.
Só que o Governo discorda: Descongelamento de carreiras: “Cálculo da UTAO é totalmente arbitrário.

7.5.19

Memórias de Tomar

Faleceu José Carlos Camolas, jogador do União de Tomar no tempo em que eu estudava na cidade nabantina - 1971-73. Creio que na mesma época lá jogou o Eusébio...
No entanto, nunca entrei no estádio, embora, inicialmente, vivesse muito perto dele. Hoje, ao ler que falecera Camolas, lembrei-me que sempre associara aquele nome ao proprietário de uma loja, onde comprei duas ou três garridas camisas aos quadrados…
Ainda recordo a rua estreita, a montra da camisaria, a pensão em que vivi temporariamente, e sobretudo a Biblioteca, da qual ainda hoje conservo uma pequena obra de David Mourão-Ferreira, Motim Literário, editada pela Verbo em 1962, com o carimbo da Fundação Calouste Gulbenkian.
Confesso que nunca foi minha intenção ficar com o livrinho cujo título fora roubado a José Agostinho de Macedo, mas da última vez que passei por Tomar, apercebi-me que a Biblioteca mudara de lugar tal como eu…
Entretanto, espero que esta memória não seja falsa!


6.5.19

Não é fácil ser...

Não é fácil ser… num país que não perde a oportunidade de adular a inteligência do chefe, sobretudo, quando se trata do primeiro-ministro.
A natureza do chefe é virtuosa e temporã. Desperta nos humildes e nos invejosos atitudes próprias dos hienídeos.
Não é fácil ser… quando o chefe é venerado por hienas cabeçudas que só sabem abanar a cauda.
(Infelizmente, as hienas não correm perigo de extinção.)

5.5.19

Em desiquilíbrio

À boleia do equilíbrio orçamental, velejamos mesmo que a seca se aprofunde. O paradoxo ignora a dívida, a baixa produtividade, a fragilidade da iniciativa pública e privada… 
Na origem do desequilíbrio estão as alterações climáticas - a inteligência diminui a cada hora que passa, com perogrulhada ou não - como é óbvio, em tradução portuguesa.
Lá dizia Saramago "Nunca tivemos melhor filósofo do que Pero Grullo".