17.2.22

Miragens

«Não são as coisas que nos fazem mal, mas as tétricas imaginações que nós formamos sobre as coisas.» António Sérgio

«O intelecto é uno. Quem vê com 'miragens' o seu passado, constrói com 'miragens' o seu futuro. Com 'miragens' retóricas navegamos nós - na história, na literatura, na econoia e na política - e não os portugueses do século XV.» António Sérgio

Mesmo que os soldados possam recolher aos quartéis, nada impede os tiranos de iniciar a guerra... Os conflitos do passado nada nos dizem sobre o amanhã da humanidade.
Há sempre quem nos queira anestesiar com as grandezas e as misérias individuais e coletivas, fazendo-nos crer que a História nos terá mostrado o caminho da paz, mas tal, no presente, não passa de miragem / imaginação, nos termos de António Sérgio.

13.2.22

Assobiamos para o lado

 

Na iminência da guerra, surpreende-me que não haja manifestações dos povos contra essa possibilidade. Revoltamo-nos tão facilmente mas, nesta matéria, assobiamos para o lado.
Porquê?
Pensamos, talvez, que tudo não passa de encenação. O problema é que qualquer encenação convém às principais nações beligerantes, e provalvelmente não estamos a ver quais elas são, supondo que tudo se resume ao território ucraniano.
O conflito é entre a Federação Russa, com o apoio da China, e a NATO, totalmente subordinada aos Estados Unidos.
É bom não descurar que se esta vontade de redesenhar os espaços vitais avançar, a União Europeia acabará desfeita e ocupada.

10.2.22

Não gostei da encadernação


Hoje, passei pela Gulbenkian e aproveitei para ver a exposição fotográfica AS BRAVAS.

Percebi a intenção, mas não gostei da encadernação. Aquelas mulheres, muito bem fotografadas, foram, no entanto, transformadas em catedráticas vegetais... 

Como dizia Alçada Baptista, a aposta nos símbolos mata frequentemente a verdade e a vida... atitude, também, presente na obra de Urbano Tavares Rodrigues, por exemplo, no romance Filipa Nesse Dia.

Nesse dia, em Reguengos, Filipa já estava morta... Ainda se fosse em Sintra! E Hélio tivesse ido ao volante de um chevrolet...

6.2.22

Estranheza


A estranheza marca o que não é comum, o que não é autoctone.

Frequentemente, quem vem de fora ajuda-nos a superar debilidades de diverso tipo, mesmo que a nossa reação não seja a mais simpática. De qualquer modo, a integração progressiva acaba por reduzir a natural mesquinhez.

No entanto, há casos, como  os dos habitantes destes ninhos, que o melhor é eliminá-los antes que eles destruam a estabilidade do sistema...

(Ultimamente, tenho andado com a cabeça no ar, e o resultado tem sido este. Ninhos à porta dos bombeiros de Moscavide e Portela, na Urbanização do Cristo Rei...)

Esperemos que as autoridades não estejam adormecidas... E já agora, o melhor é que observem também a copa dos pinheiros.

4.2.22

Antes que...

 

Antes que eles regressem, deixem-me apreciar o retorno da poupa.
Segundo os especialistas, a poupa é pouco comum em Lisboa e Vale do Tejo, no entanto todos os anos eu a revejo às portas de Lisboa...
Como nada tenho a dizer sobre eles, os opiniosos comentaristas, estou satisfeito com este inesperado reencontro.

Posso todavia citar o António Quadros que deles afirmou: 'proliferam, são pequenos juízes que tudo fazem para estabelecer uma hierarquia de valores à medida da sua pobreza de ideias.'

2.2.22

Neste inverno

 

Apesar da falta de chuva, a vida não acaba.... 
A estatística não perdoa - 20024 óbitos por covid desde março de 2020, a maioria com mais de 80 anos (cerca de 13000...)

A natureza com maior ou menor dificuldade acabará por superar a falta de chuva, mas nós, será que seremos capazes de superar a fatalidade sem cairmos na indiferença?

Ultimamente, os governos vão dando cada vez mais sinais de que o que importa é a economia, sem nunca confessar o óbvio: a morte dos mais velhos é, afinal, uma mais valia.

31.1.22

O caminho


Quem olha muitas vezes para o caminho percorrido enquista-se e perde-se em autopiedade, quando não em vanglória. António Quadros, DN, 8 dez. 1991.

O que vale a pena é atravessar o mistério que, a cada passo, nos surpreende, dando conta dessa travessia, ainda que de forma desajeitada.
(Se nada acontece, o melhor é ficar em silêncio.)
O dia de ontem passa a sinalizar o termo de um ciclo, inaugurando, por seu turno, um novo caminho cheio de incertezas.
O resto não é literatura, e já caiu no olvido.