11.1.24

Mudar de vida

 

É tarde!
De qualquer modo, hoje fomos à Cinemateca ver o filme de Paulo Rocha, MUDAR DE VIDA, 1966.
Em 1966, fazia 12 anos e habituava-me à 'camioneta da carreira'. O filme abre com a chegada de uma camioneta muito semelhante... Dela, apeia-se Adelino. O meu pai, destruidas as vinhas pelo granizo do início do Verão, partira para França, acompanhado de um jovem que fugia à guerra colonial. ( Nunca mais soube nada dele!)
No filme, Adelino regressa de Angola, para onde fora mobilizado em 1961. O filme não o diz, porque cumprido o dever patriótico, por lá ficou, sem efetivo proveito nem dar notícias...
Regressa, preso de amor impossível e sem coragem para ajustar contas com o irmão. Afinal, ele não dera notícias, e Julia (Maria Barroso) acabara por casar... Júlia tem todos os achaques típicos da heroína romântica. (Não foge à convenção. É salva pela representação de Maria Barroso e pela fixação da câmara.
No Furadouro, a miséria, imposta pelos homens e pelo mar, é uma constante. O tempo parece outro, já descrito por Raúl Brandão. A verdade é que, apesar da antífrase, não se compreende que ninguém parta... Ou seria impossível? Só lhes restava a sepultura. Demasiado triste!
Interessante: os efeitos da alterações climáticas estão bem presentes na vida dos pescadores do Furadouro.

7.1.24

Assoreados

2024 ainda agora começou e já estou cansado. Objetivamente, o desleixo dá cabo de mim: foi preciso pôr a lavar e a secar uma montanha de roupa... e o nevoeiro não tem ajudado. 
Torna-se impossível ir a um encontro num lugar desconhecido, porque o GPS anda cada vez mais confuso e não há lugar para estacionar.
Faltam projetos - todos se consideram melhores, mas ninguém sabe porquê. Deste lugar, observo o Tejo assoreado: a ilha cresce, arrisca virar continente. No entanto, ninguém promete acabar com o assoreamento.
Assoreados, entupimos... 
Eu vou continuar a leitura de Almas Mortas, de Gogol, mesmo que não tenha qualquer motivo para as comprar.

5.1.24

Em 2024

Entrámos. Eu venho sem pressa... a Sammy não compreende por que motivo interrompo tudo o que inicio...Já lá vão seis horas.... há anos que uns tacos esperavam que eu os recolocasse: foi preciso comprar uma cola especial, eliminar os detritos, apará-los do inchaço... e como uma coisa arrasta a outra: liguei o Kirby e aspirei tudo - o cotão, o bolor, o pó.... Duas horas de limpeza!
A Susana regressou a Hamburgo. Vive à sua maneira, e o melhor é não interferir, ajudar enquanto for possível. Por vezes, a sua capacidade de compartimentar irrita, um instante, apenas.
Entretanto, o Ministério Público não desiste de enterrar o Costa. Se eu estivesse no seu lugar, entregava as chaves do Governo ao Marcelo... Há muito que penso que o MP é a continuação do Tribunal do Santo Ofício.

29.12.23

Sobre os telhados

É lá que vivem!

Os detalhes do quotidiano disciplinado nunca chegaram a ser assimilados, não se sabe porquê...

Não me apetece assumir a responsabilidade já que outrora também eu parecia fadado a voos fantásticos, mas irrealistas.

Cedo aprendi a fazer a cama, até porque vivi mais de cinco anos em camaratas. E mesmo que essa disciplina não me tivesse marcado, quando cumpri o serviço militar ( em nova camarata) estava fora de causa deixar de fazer a cama, engraxar as botas, chegar a horas...
Claro que há quem não tenha tido necessidade de viver em camarata para aprender que há um conjunto de habilidades fundamentais para evitar que o caos se instale.

23.12.23

A chegada

No aeroporto da Portela, a enxurrada é a habitual, mas hoje ainda é maior. Nela vem a Susana, passar o Natal e entrar no novo ano... Para ela, espero que seja melhor, porque para mim chega-me estar, disponível...
Felizmente, moro perto e estou habituado a este movimento. Fico, no entanto, com a sensação de que alguém mandou abrir as comportas. Diz-me o Daniel que o culpado é o António Costa. Será?

21.12.23

Hoje, é quinta-feira

Ninguém quer almoçar comigo: a Maria Isabel comeu uma sopinha, mais cedo e refugiou-se na caminha, a pretexto da alergia ao frio; o Daniel, de férias, foi passear, mas disse que voltava à hora de almoço... Enfim, são duas da tarde... e eu espero.
Aproveito para avançar na leitura de Almoço de Domingo, de José Luís Peixoto. Parece que este livrinho foi escrito para mim, e não para o senhor comendador, Rui (Nabeiro)... Neste romance, o protagonista nasceu investido de um ritmo ponderado, reflexivo, que, de facto, me seduz, pois começo a aceitar os imponderáveis como se eles fossem naturais. O importante é estar no lugar certo.
Já não se trata de saber quem se é, mas de saber estar, em sossego, até que o vento sopre uma última vez.
O Daniel acaba de chegar. Agora, vamos almoçar.

17.12.23

O Louco e a Lua

Diz-me Nikolai Gógol que ' a Lua se fabrica, normalmente, em Hamburgo, e é de péssima qualidade (Diário de um Louco (...) o fabricante é um tanoeiro coxo, e vê-se logo que é imbecil, não tem a mínima noção de Lua. '

O Louco anunciara que ' amanhã, às sete horas, ocorrerá um fenómeno estranho: a Terra pousará na Lua.'

Nos próximos meses, Portugal vai ALUNAR, tantas são as promessas dos novos tribunos, obviamente coxos e imbecis... E nós vamos com eles!