1.10.24

Nenhuma pomba vive segura

Apesar da vista poder ser apetecível, a pomba não está segura. Basta pensar nos mísseis iranianos que se dirigem para a terra santa. De facto, o sagrado perdeu qualquer efeito dissuasor.
Pelo que se vem assistindo, no espaço aéreo, deixou de haver fronteiras, de tal modo que, um destes dias, vamos ver os deuses do olimpo cair sobre as nossas cabeças, pois nem eles são capazes de respeitar as regras, outrora, impostas por Zeus...
Por mim que nada decido, creio, no entanto, que é tempo de eliminar os malfeitores  que se escondem sob vestes sagradas manchadas desde a origem...

Quanto às nações unidas de nada servem, pois os arsenais crescem por toda a parte... e para mal dos nossos erros, o secretário-geral só esbraceja...

Somos governados por um bando de malfeitores, e nada fazemos... até que os mísseis nos caiam em cima. 

24.9.24

O que fica

 

O que fica registado tem cada vez menos valor. O que pensamos ver não é o que surge aos nossos olhos...
Há toda uma distância que desfoca e, sobretudo, há pronomes que despersonalizam...
Eles registam hábitos antigos de quem passa a vida a copiar....

Quanto aos valores pouco há a deplorar, pois eles sempre foram postiços.

(E parece que sem eles, os pronomes, não conseguimos comunicar...)

20.9.24

Amílcar Cabral na Torre do Tombo

 Passei pela Torre do Tombo, a propósito do Centenário de Amílcar Cabral... Em termos de documentação, parece-me rigorosa, mas insuficiente. Em termos de legibilidade, a exposição não é apelativa. Não creio que o objetivo vise dar a conhecer e reabilitar o homem que perdeu a vida numa luta que não deveria ter acontecido... e não me refiro apenas à ação do colonizador.
(E já agora o santo não está identificado! Francisco, será! Franciscano ou Jesuíta?)

17.9.24

ANY WHERE OUT OF THE WORLD

Para que conste, embora tal não tenha qualquer interesse em tempo de fogo contínuo em floresta abandonada, acabei de ler PETITS POÈMES EN PROSE, de Charles Baudelaire - autor que sempre me interessou, embora nem sempre o tenha compreendido...

De todos os momentos (ou movimentos) que chamaram a minha atenção, gostaria de destacar um sob o azul cinza que me tolda a visão:

«Il me semble que je serais toujours bien là où je suis pas, et cette question de déménagement en est une que je discute sans cesse avec mon âme.
«Dis-moi, mon âme, pauvre âme refroidie, que penserais-tu d'habiter Lisbonne? Il doit y faire chaud, et tu te regaillardirais comme un lézard. Cette ville est au bord de l'eau; on dit qu'elle est bâtie en marbre, et que le peuple y a une telle haine du végétal qu'il arrache tous les arbres. Voilà un paysage selon ton goût; un paysage fait avec la lumière et le minéral, et le liquide pour les réfléchir!»

Não creio que Baudelaire tenha passado por Lisboa, mas parece que estava bem informado sobre os costumes, em particular, sobre a relação que os portugueses mantêm com o mundo vegetal. 

Areia, poeira e cinzas.

13.9.24

Quem te avisa...


teu amigo é... E ainda há quem continue a beijar-lhe a mão...e não queira perceber que há certas criaturas que nunca foram nem serão confiáveis...

Por isso lembro:


10.10.15

Ainda Marcelo, a sereia

Melhor seria que Marcelo Rebelo de Sousa tivesse explicado o que é que Portugal lhe deu e que, na verdade, não deu a muitos outros portugueses...
Este Marcelo urbano, que insiste nas raízes provincianas, apresenta-se como "vítima" da perda do Império, que lhe levou a família ao Brasil, na condição de emigrante... Há neste seu Portugal uma certa tendência para confundir o exílio político com a emigração!
O Portugal de Marcelo começa a ganhar uma substância que não é a minha. E essa substância acabará por deixar de se expor nas entrelinhas para surgir num movimento político que irá colocar-se à direita da atual Coligação PSD - CDS...
A campanha dos afectos já fora ensaiada com Marcelo Caetano como antídoto para ocupar o lugar do pai tirano e austero que governara o país durante quatro décadas. 
Agora a sereia pensa que o caminho falhado por Caetano pode ser reintroduzido para substituir o esfíngico Cavaco.

8.9.24

Essa estrada, ao volante...

Acabei de ler O Mistério da Estrada de Sintra, de Eça de Queirós e de Ramalho Ortigão, folhetim terminado a 27 de Setembro de 1870.
Dizem-me que devo considerar este mistério como o primeiro romance policial português. Quem sou eu para dizer algo de diferente? 
Durante a leitura, pressenti que Edgar Allan Poe e Charles Baudelaire não andariam longe... e sobretudo, pensei que os autores desta obra seriam leitores compulsivos de tudo o que de 'romântico' e de' realista' ia sendo escrito por terras de França..., prontos a farpear costumes de que eles próprios nunca se libertariam por inteiro...
... e lá no fundo, voltou-me à memória a ideia de que toda a vida li o que me foi imposto sem qualquer critério... a não ser o de 'obra prima', o que acaba por ocultar a matriz da maioria das obras. Flutuantes,  estrelas de um universo à deriva...
Talvez seja por isso que cada vez mais se aposta no gratuito e no absurdo.

(Ficou-me o Carlos Fradique Mendes que eu imaginara surgido de outras águas, ou seria de um vulcão?

1.9.24

O despesismo autárquico

 

Mais uma empreitada! Barata, como se pode ver...
Não há dinheiro para o SNS, para desassorear os rios, mas não falta para encher os bolsos dos do costume...
Pode ser que daqui a três anos ainda lá continuem os candeeiros que já começam a bordejar... 
De qualquer modo, não saímos do ilusionismo pequeno burguês que vai engordando umas tantas tainhas ribeirinhas...