31.1.25

Encruzilhada

Não me enganei no caminho, mas chegado a 2025, não sei como continuar e se vale a pena...
De regresso a 2006, verifico que as postagens contêm demasiados erros e que algumas fotos desapareceram...
Durante algum tempo, pensei que a memória poderia ajudar a construir, mas, pelo que se observa, a memória já não ensina. Cristaliza como prova de imperfeição e, por vezes, traz consigo uma dúvida impiedosa....

26.1.25

Z Marcas

Z Marcas é uma personagem criada por Balzac. 
De origem humilde, Z consegue estudar, alcançando um patamar de conhecimento superior em domínios nevrálgicos - direito, oratória e política...
No entanto, a sua condição social e económica coloca-o numa posição de serviço. Serve políticos medíocres e arrogantes, que dele se esquecem logo que os ministérios se desfazem, o que, à época, era frequente...
Não consegue sair da condição de desprezado e esquecido porque lhe falta o capital necessário para comprar uma casa em Paris. Vive de trabalho de 'copista' para advogados reconhecidos que não lhe pagavam o suficiente para mandar fazer um fato, pagar a renda de um minúsculo quarto e para se alimentar convenientemente.
Vive em silêncio austero, raramente interrompido. 
No quarto ao lado, moravam dois estudantes pobres, cujas famílias insistiam que eles deviam formar-se em medicina e direito, profissões sem sucesso à data. Só lhes restava emigrar!
(...)
Desiludido, Z Marcas deixa-se morrer por 'amor à pátria' em terra de gente sem escrúpulos. 

A condição de deputado só estava ao alcance de gente abonada ou que fosse protegida pela 'nobreza' da época.

14.1.25

Não sei se é do frio

 .


..mas, de facto, em dezembro e janeiro, os que partem são sada vez em maior número, provando que a folha humana é caduca... e, apesar de tudo, o frio não é assim tanto se comparado com o que se passa noutras latitudes... (desta vez, quem viaja é o Cândido... ele que durante anos assinalou a partida dos comboios)

... partida sem regresso, mesmo que ainda haja quem prometa a ressurreição... sim, é melhor que tenham fé na ação divina, porque da ação humana pouco há a esperar...

(...) 

... e ainda há aqueles que espezinham quem já não pode levantar-se...

8.1.25

Afogueado

Ainda não fotografei a chuva deste janeiro, nem sei se ela deixa... O que sinto é que nestes dias, me desloco mais depressa, com mil e uma tarefas por cumprir... e não descanso enquanto não o faço... de preferência antes do almoço.

O problema é que neste janeiro, tomei a decisão de organizar os textos deste blog e compor um livro. Um Livro! Quem diria! E este blog teve início em 2006: São milhares de posts!

Será que vale a pena apostar num Livro? E que temas privilegiar?

Provavelmente, esta ideia é insensata, porque dizem-me que 'há mais alunos nas escolas, só que não aprendem'..., o que não me surpreende... afinal, o facilitismo já vem de longe... e os seus fautores continuam a ser  promovidos e aplaudidos.

5.1.25

vezes sem conta forçada

As palavras poucas
agora desnecessárias

só a imagem desfocada
um corpo exaurido
de sucessivos dias de entrega
vezes sem conta  forçada

as palavras  
mudas então

1.1.25

Quando saio...

Um pardal veio morrer

junto ao carro da doutora.

Talvez procurasse veterinário!

 Será que só os pardais morrem?

 Não penses que, quando saio,

a comprar o pão…

o faço por obrigação...

Vou ouvir os pássaros.

E hoje não há pão!

É Dia Mundial da Paz.

Onde?

Não é verdade!

Os homens morrem que nem estorninhos…

E o pão é possível comprá-lo nas vendas asiáticas...


29.12.24

Não quero ser outro...

Felizmente, não estou a perder a fala nem a ficar cego. E não sou surdo, antes pelo contrário... o ruído afeta-me os neurónios, embora ninguém se aperceba disso... E sou só um, e não diversos como parece que está a acontecer com muita gente, sobretudo jovem... Por isso não há o perigo de me dividir em dois que se procuram na adversidade da perda, seja ela comunicacional, linguística, geográfica ou temporal... Não quero ser outro, nem mudar de sexo, nem a cor do cabelo - já me basta perdê-lo - o que fará um cabeleira sem cabelo?
Basta-me caminhar até me cansar, e ler mesmo que não entenda  a fama de certos escritores, embora a escrita não passe de um novelo sem fio que nos leve a qualquer porto...
Acabei de ler Lições de Grego, de Han Kang, e estou sem compreender se a verosimilhança ainda é um critério de avaliação da ficção: por vezes a realidade surge na sua crueza, mas a prosa acaba por ceder o lugar à fragmentação do discurso, tornando-o absurdo... 
Por ora, estou sem pressa de atalhar no caminho e gosto que os fios não se esfumem ou se partam antes de chegar ao ancoradouro...