23.8.06

Os diferentes rumos do cinema

Miami Vice, de Michael Mann, EUA, 2006 Sonhar com Xangai, de Wang Xiaoshuai, China, 2006
(Salas Monumental e King. Na primeira, a aposta é na publicidade e na intoxicação sonora. Na segunda, a publicidade é discreta e o registo sonoro moderado.)
Miami Vice parece não ser mais do que a expressão sofisticada de um mundo onde o único valor é o dinheiro. No entanto, Michael Mann deixa no espectador uma certa simpatia pelos traficantes, deslocando o mal dos cartéis de droga regionais para um inimigo global de rosto árabe. No essencial, é esse o objectivo: mostrar que o novo inimigo dos EUA é filho de Bin Laden.
Por sua vez, Sonhar com Xangai retrata-nos a China interior dos anos 80, onde o Partido Comunista determina a vida dos miltantes, tal como o marido determina a vida da mulher ou o pai determina a vida da filha.
Porém, o filme não é tão linear como se poderia pensar: alguns militantes revelam desejos capitalistas ( querem regressar a Xangai, contrariando a política oficial); a relação entre marido e mulher pode ser autoritária ou tolerante ( dois casais, dois modelos comportamentais); o modelo educativo também pode ser fechado ou aberto...
No essencial, Wang Xiaoshuai não se deixa seduzir pelos estereótipos, porque as filhas dos dois casais que protagonizam a "estória" acabam por sucumbir a uma "força" que reduz a nada os padrões educativos.
De qualquer modo, um dos prevericadores acaba por ser executado, pois o Partido determina que esse é o castigo para os violadores.
Estes dois filmes acabam por mostrar que, na China, o cinema procura libertar-se da ideologia dominante e que, pelo contrário, nos EUA, o cinema está cada vez mais comprometido com a política republicana.

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