Nunca simpatizei muito com a minhoca. Nem sequer me costumo dar ao trabalho de observar o seu movimento e cor. Diga-se que, apesar de tudo, simpatizo menos com a minhoca preta e, sobretudo, com o seu cheiro. Da verde não tenho qualquer memória olfactiva, apenas o receio de que ela se insinue na folha de couve ou de alface ou faça do feijão verde a sua morada traiçoeira.
Mas, hoje, sofri uma aparição: de uma cesta de morangos escorregou uma minhoca verde, que, ao sentir-se descoberta, logo se enroscou, numa tentativa desesperada de escapar ao iminente afogamento.
De facto, na história da minhoca, verde ou preta, há sempre uma que, quando se sente acossada, se enrosca como se o que vai acontecendo nada tivesse a ver consigo.
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