1.5.08

Um dia reversível...

Por ironia, ou talvez não, entrei hoje (dia do trabalhador)  na Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima. Nada do que vi me emocionou: a extensão da arena, a largura e a altura das portas, o crucifixo misógeno, os peregrinos-turistas, o alheamento da minha acompanhante, tudo me trouxe à memória a vastidão ensoleirada do recinto de outros fervores mais convincentes e menos decadentes... Nunca ali estive a cumprir uma promessa, nem nunca compreendi quem as cumpria, mas tempos houve que me sentia solidário daquelas vozes e gestos de submissão. Hoje, ali, esmagado pelo aproveitamente indecoroso das esmolas dos mais nobres, compreendi que a dúvida que me persegue desde que me conheço não faz qualquer sentido. E, também, entendi que o fervor que noutrem conheci em tempos idos se pode tornar em pedra fria. 

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