Ao ouvir o modo como os governantes falam do presente e do futuro do país, lembrei-me que, ao contrário de outros estadistas, eles nunca falam do passado mais ou menos remoto. Do passado recente ainda se servem para uns soezes ajustes de contas. Mas, de verdade, não revelam qualquer conhecimento da História… E não se trata apenas dos governantes, também os deputados da nação não vão além de estereotipadas referências ao diabólico Estado Novo!
Os atletas campeões, nas diversas modalidades desportivas, ficam mal no pódio se não conseguem cantar o hino nacional e, no entanto, ninguém exige a quem nos governa que saiba um pouco de História. Se os governantes, antes de tomar posse, fossem obrigados a prestar provas, por exemplo, sobre as causas da decadência nacional no séc. XVI ou sobre os efeitos da fuga da família real para o Brasil, ou, ainda, sobre as razões do crescimento do partido republicano na segunda metade do século XIX, ou sobre o sucesso de um beato e obscuro ministro das finanças a partir de 1926, seguramente, não nos encontraríamos no actual estado de falência das instituições e de degradação moral…
Quem ignora a História tende a meter a cabeça na areia, deslumbrando-se com o fogo-fátuo dos gadgets e da vaidade pessoal. A propagandeada aposta num Portugal tecnológico não difere em nada da crença num ‘império português’ ou num ‘império da língua portuguesa’. Nestes comportamentos há, em comum, uma ideia de desmedida que esconde a falta de preparação ( de conhecimento das causas da nossa atávica decadência) e de sentido de responsabilidade para o exercício de cargos políticos.
É, hoje, claro que os Costas e os Buíças do regicídio não eram franco-atiradores dementes. Eram homens com fervor patriótico, longamente preparados para a imolação. Se dúvidas houver, basta ler os discursos políticos de Afonso Costa…
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