15.4.11

Cilindro compressor, Acto 2

 (Manhã) A vacuidade das respostas da prova de exame de Literatura Portuguesa dá corpo à teoria de que os classificadores são excessivamente benévolos e, sobretudo, que testar conteúdos leccionados no 10º ano não faz qualquer sentido, isto se considerarmos a fragilidade da memória dos examinandos. Para quê sobrecarregar-lhes os neurónios?

Relidas as respostas às provas de exame das disciplinas de Português (língua materna e não materna) e de Literatura Portuguesa, percebemos a opção das duas últimas décadas: a aposta nas competências. A substituição do ‘conteúdo’ pelo ‘continente’, do miolo pela casca!

E este é o caminho que origina a ‘geração à rasca’! Uma geração que começa a compreender que alguém lhe serviu a casca, apropriando-se do miolo. O que, de modo nenhum, significa que estejamos perante uma geração desmiolada!

(Tarde) A aplicação da catequização processa-se de forma mais ou menos tranquila, pois o problema a resolver consiste em responder de acordo com o ESPÍRITO do GAVE. Quem sabe se as ‘línguas de fogo’ nos iluminaram os neurónios?

Da minha passagem por este “secador”, fiquei sem compreender a “teoria” que me reduziu a uma “estrutura” que, no meu caso, me situa entre os 55 e os 65 anos…

(O Acto 3 segue dentro de dois meses e prevê-se que o drama termine num Ato 4, em forma de relatório de 3 páginas A4, no início do próximo ano lectivo.)

1 comentário:

  1. Numa terra onde se ensinam conteúdos e avaliam competências, onde se incute cultura e se incentiva a mediocridade, onde se menospreza a excelência e promove a mediania, não se pode esperar que os "frutos" sejam soberbos. Não sei se em consequência das sucessivas "lavagens cerebrais" a que temos sido sujeitos, se por sentir que, de facto, o caminho mais fácil é o da acomodação, começo a temer pelo futuro da Educação (de que, certamente, farei parte...). Quando os educadores são levados a crer que os conhecimentos são muito menos relevantes do que as competências, quando em provas de Ensino Secundário se avalia a capacidade de escrever (adquirida doze anos antes e trabalhada desde então) em detrimento dos conhecimentos adquiridos e se assume que um aluno de Literatura que confunde D. Fernando com D. Juan Fernandez (e afirma a pés juntos que, durante o assalto ao Paço, por D. João Mestre de Avis, se quis matar o povo) é algo mais do que medíocre, algo vai mal neste "reino".

    Bem-haja, professor.

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