Procuro a palavra que melhor dê conta do meu estado.
Gero uma lista em que não faltam cansaço, frustração, desilusão, humilhação, roubo, engano... mas nenhuma delas exprime a totalidade do meu estado... Basta-me dar dois passos e, de imediato, sinto o peso do corpo. Um peso insuportável, asfixiante!
Se paro, logo uma nuvem negra rompe sobre o lado esquerdo e fica a pairar, ameaçadora... Poder-se-ia pensar que o repouso seria capaz de afastar o agouro, mas não. De todas as palavras enunciadas, há as que são externas - frustração, desilusão, humilhação, roubo, engano. Todos conhecemos os agentes e a impunidade em que vivem. Todos sabemos os nomes dos que nos oprimem!
Há, todavia, uma palavra que é visceral - o cansaço - e que, no meu caso, se manifesta em peso, nuvem fechada...
(Por um instante, penso que, também, eu parti no avião malaio e que o meu peso foi suficiente para o abismar.)
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