Ter uma ideia é um processo difícil! Desde que acordo, realizo várias tarefas e ao fazê-lo ocupo o tempo, sabendo que essa é a melhor forma de não ter qualquer ideia...
No intervalo das tarefas, vou dando conta das ideias dos outros e com tal procedimento esqueço o processo de idealização. Por exemplo, se dou atenção à volta à Espanha, à droga que terá circulado na porta 18 (e em muitas outras portas e postigos!), à notícia de que Pedro Santana Lopes não é candidato a presidente da República, porque não tem dinheiro e teme a língua peregrina do putativo candidato Marcelo, aos sírios que terão sido abandonados num camião numa auto-estrada austríaca às portas da Hungria, à Líbia abandonada pelo Ocidente que lhes matou o ditador para agora aquele território ser a porta do tráfico humano para a Europa... se dou atenção a tudo isto, sem esquecer os familiares, os amigos e os conhecidos, fico sem tempo para ter qualquer ideia...
Claro que posso sempre declarar a minha revolta, o meu desconsolo ou, até, a minha alegria se Nelson Évora faz subir a bandeira nacional em Pequim, mas nada disto significa que tenha tido uma ideia...
E o pior é que quando as tenho, esqueço-as de tal modo que me sinto à deriva.
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