Jacinto Lucas Pires, a propósito da publicação da peça de teatro "Universos e Frigoríficos", em entrevista a Maria Teresa Horta (DN, 27.12.1997), caracteriza a (sua) geração dos anos 90 do seguinte modo: “Somos
uma geração que cresceu a ver televisão, que leu menos livros e outros livros
do que os nossos pais, leu mais banda desenhada, viu outros filmes. Tudo isto
tem de trazer formas novas para as formas já existentes.”
É possível que Jacinto Lucas Pires tenha razão quanto ao retrato que faz da sua geração. A memória diz-me que sim: os jovens viam muita televisão, liam menos, revelavam fastio ao ler os clássicos, preferindo leituras menos incomodativas, iam ao cinema, assunto totalmente ignorado nas salas de aula.
Quanto à recriação das formas já existentes, não parece que tenha havido uma verdadeira revolução, sobretudo se considerarmos o "cânone" estabelecido pelo Ministério da Educação.
Ao olhar para esta última geração, parece que, em muitos casos, estamos a assistir à travessia do deserto - nem televisão, nem cinema, nem banda desenhada… leitura só a dos títulos oferecidos pela Internet… e muitas imagens de SI, muitos gracejos apatetados, muita torpeza…
Mais uma razão para «persistir como Sísifo».
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