13.10.19

Por maior que seja a dor

«Il y a quelque chose de vrai quand je dis que tout bien, et même toutes les créatures, sont par rapport à Dieu moins qu'une fève comparée au monde entier. C'est pourquoi, si j'étais un homme bon et avisé, je devrais à juste titre renoncer à prier Dieu qu'il me donne la santé.» Maître Eckart (1260-1328), La Divine Consolation

Eu que, só por distração, peço qualquer coisa, começo a apreciar a teologia de Maître Eckart. Nunca me passou pela cabeça que, devido à minha incapacidade de aceitar a existência de Deus, viesse a reconhecer que um mundo sem Criador fosse absurdo… A questão para Maître Eckart colocava-se de um modo distinto - se havia criaturas tinha que haver criador. E esse criador tudo definira no tempo da criação… À criatura, por maior que seja a dor, só resta agradecer os momentos em que ela se ausenta.
No essencial, a minha incompreensão nunca teve nada a ver com o Criador, mas, sim, com o Deus de dor (Cristo / o Filho) a que me deveria submeter.
A consolação não passa pela submissão.
A consolação é um modo de aceitação, em que, apesar de grão (fève), disponho de um certo número de oportunidades e, sobretudo, a oportunidade de não cortar as pernas às criaturas, minhas vizinhas.

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