Deixo a Palavra a quem a sofreu
Sou pedra ou movimento? Que serei?
Alguém responderá. Mas quem? Ou quando?
Estou assim entretanto. O meu modo de ser
é todo este não ser possível perguntar e responder
Sou uma enorme dúvida estendida da cabeça aos pés
Nem sei já se nasci ou quando ou se morri
Não sou todo este ser que finalmente de si mesmo se cansou
E abro muitas bocas. Quem à minha volta?
Nunca estive mais perto de ninguém
Ruy Belo (1932-1978)
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