3.3.11

Gente desditosa…

Ler “Portugal Ensaios de História e de Política”, de Vasco Pulido Valente exige perseverança e uma grande dose de masoquismo. Do Liberalismo Português a Cunhal Revisitado, o autor traça um retrato implacável dos governantes que, salvo raríssimas excepções, revelam uma visão retrógrada e / ou formatada por modelos estrangeiros. Eternos Dâmasos Salcedes, os governantes imitam as ideias e as modas estranhas numa busca incessante de um pedestal há muito perdido e, deste modo, infligem ao povo uma vida de miséria e, frequentemente, de morte.

As revoluções mais não são do que frustres insubordinações de quem já não suporta mais um poder caduco que, tendo delapidado os recursos, continua refém de ideologias totalitárias, e que, por sua vez, procedem à redistribuição sôfrega dos lugares e dos recursos, aperreando a classe média e desprezando o povo.

V.P.V. mostra um país falido, ignaro, beato, submisso, incapaz de separar o trigo do joio.

A publicação, em 2009, deste conjunto de ensaios acaba por ser o modo encontrado por V.P.V. para nos demonstrar que, filhos do marcelismo, do movimento do MFA ou de Cunhal, perdemos a noção da verdadeira dimensão de Portugal, continuando a ser governados pelo irrealismo, pela demagogia e, no limite, pela loucura de quem se imagina senhor do mundo, não passando, afinal, de gente mesquinha.

1.3.11

A alma…

E se nos devolvessem a alma? Dou comigo, às 6h00 da manhã, a pensar que foi o «sentimento de si» que matou a alma. Foram os filhos dos românticos que nos condenaram à egolatria e à futilidade…

Fernando Pessoa ainda tentou fingir ser quem não era com resultados satisfatórios para si, mas a alma, essa, perdera-se nas ruelas de um corpo que quis ocupar o palco inteiro – oh, o que sinto eu de mim a esta hora!

25.2.11

A semana que finda…

Nesta semana que finda, temo que a Líbia se torne num verdadeiro inferno para um povo que ousa sonhar com a libertação do déspota que o oprime há 42 anos.

Portugal, em nome do apregoado realismo económico, não resistiu a uma aliança espúria que, agora, irá agravar a nossa situação financeira. Continuamos a não saber escolher os aliados!

Entretanto, aqui mais perto, o abuso de poder e a falta de respeito ameaçam virar enxurrada… E nem vale a pena referir esses maus exemplos tão eloquentes eles se afiguram.

De facto, os exemplos só deveriam ser apontados para ajudar a desbravar caminhos!

23.2.11

Subitamente…

Desatámos a olhar para o mapa… sem GPS, desatámos a descobrir países: a Tunísia, o Egito, o Iémen, a Argélia e, agora, a Líbia. Pouco nos interessa quem lá vive! Tudo gira em torno dos estrangeiros, do petróleo e do gás! A ordem tácita é evacuar os estrangeiros e fechar as portas aos povos em fuga!

Entretanto, os velhos tiranos recusam-se a abandonar o poder, massacrando as populações, ou, em alternativa, cedem o poder aos seus acólitos, em nome dos interesses locais e transnacionais… E tudo porque nas últimas décadas, o Ocidente preferiu a cumplicidade à hombridade.

Mas, afinal, que podemos nós fazer? Governados por figuras dúbias, olhamos o mapa e nada enxergamos!

22.2.11

A bandeja…

O que é que fazemos quando tudo nos é servido numa bandeja de prata?

O que é que fazemos quando a bandeja se encontra vazia?

O que é que fazemos quando já não sobra qualquer  bandeja?

- Piores do que cães, mordemos. Há mesmo quem não saiba fazer outra coisa!

Parece que é esse o grande desígnio da educação em Portugal: MORDER.

18.2.11

Em nome de quê?

Bem antes de Cristo, Antístenes, mestre dos Cínicos, ensinou que a única comunidade aceitável é a dos cães, que sabem mendigar e nunca se acanham.

Entretanto, Cristo trouxe a lição do pudor e do arrependimento, e com isso uma multitude de sectários que caritativamente exercem a censura e a mentira… condenam a ambição e, poços de cobiça, amortalham a esperança…


16.2.11

Impulsos contrários… Basta!

Chove, venta, neva mesmo… as árvores burguesas tombam sobre automóveis incautos e os guarda-chuvas chineses naufragam na via pública. As imagens de telhados revoltos, de campanários esventrados, de populares aterrados, apesar dos santinhos, entram-nos pela casa dentro… Tudo de foguete como se o fim num ápice se aproximasse!

As greves em empresas ruinosas proliferam alheias ao estado das centenas de milhares de desempregados… sem perceberem que de empregados grevistas passarão rapidamente a descartáveis, bastando uma abordagem sistémica do problema da dívida para que a maioria das empresas públicas seja definitivamente encerradas.

Se à ventania nada podemos opor, o mesmo já não se pode dizer no que respeita à insensatez da gestão dos recursos públicos: BASTA!