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22.12.11

O paradoxo Passos Coelho

 

À medida que mais trabalhadores são lançados para o desemprego, que mais jovens são convidados a emigrar, que as remunerações dos aposentados, reformados e trabalhadores diminuem, o Governo descobriu que para aumentar a produtividade nada melhor que o corte nos dias santos, feriados, férias e até naqueles três dias que eram concedidos para premiar a assiduidade.

Em síntese, estamos perante o novo paradoxo Passos Coelho! Apesar de tudo, não quero acreditar que a Troika seja tão burra que não tenha já percebido que está a ser enganada, pois o Governo não toma medidas de natureza económica porque só sabe proteger velhas e novas clientelas…

Entretanto, a matriz ideológica e a subserviência do Governo serão hoje clarificadas, quando for anunciada a venda da EDP à Alemanha.

( O silêncio dos alemães também se paga!)

30.11.11

O polvo democrático…


A 30 de novembro de 2011, o polvo democrático aprovou o orçamento de estado mais anti-democrático da democracia. E com esta aprovação, CDS, PSD e PS abriram a porta ao desinvestimento e à insubordinação individual e coletiva.
Ao longo de 37 anos, o polvo democrático, acolitado autarquicamente pelo partido comunista, partilhou a clientela partidária, inventando um país de abril à medida da sua avidez e da sua ignorância – um país postiço que, agora, é posto a ferros…
37 anos depois de abril, o polvo democrático, mestre do disfarce, mas incapaz de se libertar dos tentáculos, prefere saltar sobre a presa, sugando-lhe a medula e deitando fora o esqueleto.

14.10.11

Subtrair…

Se a arte acrescenta; a política subtrai!

Depois de 13 de outubro de 2011, de nada serve argumentar! Abril morreu…

23.8.11

De férias, à beira do abismo…

À beira do abismo, o Parlamento está de férias. O Governo suspende qualquer projecto que possa criar emprego e subsidia empresas públicas e privadas falidas´.

A falência, por exemplo, dos bancos não é admitida… e os contribuintes pagam a crise! Sempre pensei que a falência pudesse ser uma forma de nos libertar de produtos tóxicos e, simultaneamente, de gerar novos empreendedores.

De facto, continuamos a ser governados pelos interesses instalados, de tal modo que o melhor é pedir emprestado, hipotecando a soberania, para anestesiados, irmos de férias…

25.6.11

A terra é de pedra!

A terra é de pedra!

Cai a gota, e medra a erva daninha. / A aboboreira, coitada, foge dela…

A alface parece alheada / espera a monda e que a livrem de cuidados…

Soberbo, o damasqueiro aproveita a circunstância / ignora a pedra e sobe ao acaso… / sem se aperceber que a fartura o há-de matar!

(E eu que faço aqui?)

21.6.11

E assim…

A aposta em tornar igual o que poderia ser diferente só traz prejuízo! A grelha de leitura é mais importante do que o texto: o detalhe sobrepõe-se ao conjunto.

E, assim, a percepção da realidade (poética ou outra) empobrece a cada abordagem, reduzindo o chão da imaginação criadora.

Continuamos no paradigma da domesticidade, só que a uma escala cada vez mais ampla. Deixou de haver lugar para o desespero pessoano da incomunicabilidade…Escamas surdas, translúcidas e fortuitas!

A mediocridade matou a tangibilidade. Do predador, só a dor da criatura doméstica.

20.5.11

Nulidade…

Espero que os alunos deste país não tenham assistido ao debate Coelho-Sócrates, pois o resultado da argumentação foi nulo. Estes dois candidatos desrespeitaram as regras e, sobretudo, anulando o moderador, evitaram as perguntas que poderiam ajudar a traçar o perfil de cada um.

Do debate, fiquei, todavia, com uma certeza: nenhum destes candidatos está preparado para tirar o país do beco em que se encontra, pois revelaram-se incapazes de dialogar.

No fundo, está aberto o caminho para soluções musculadas, caso não queiramos soçobrar definitivamente… A ditadura é historicamente uma consequência da falta de entendimento entre os homens.

3.3.11

Gente desditosa…

Ler “Portugal Ensaios de História e de Política”, de Vasco Pulido Valente exige perseverança e uma grande dose de masoquismo. Do Liberalismo Português a Cunhal Revisitado, o autor traça um retrato implacável dos governantes que, salvo raríssimas excepções, revelam uma visão retrógrada e / ou formatada por modelos estrangeiros. Eternos Dâmasos Salcedes, os governantes imitam as ideias e as modas estranhas numa busca incessante de um pedestal há muito perdido e, deste modo, infligem ao povo uma vida de miséria e, frequentemente, de morte.

As revoluções mais não são do que frustres insubordinações de quem já não suporta mais um poder caduco que, tendo delapidado os recursos, continua refém de ideologias totalitárias, e que, por sua vez, procedem à redistribuição sôfrega dos lugares e dos recursos, aperreando a classe média e desprezando o povo.

V.P.V. mostra um país falido, ignaro, beato, submisso, incapaz de separar o trigo do joio.

A publicação, em 2009, deste conjunto de ensaios acaba por ser o modo encontrado por V.P.V. para nos demonstrar que, filhos do marcelismo, do movimento do MFA ou de Cunhal, perdemos a noção da verdadeira dimensão de Portugal, continuando a ser governados pelo irrealismo, pela demagogia e, no limite, pela loucura de quem se imagina senhor do mundo, não passando, afinal, de gente mesquinha.

25.2.11

A semana que finda…

Nesta semana que finda, temo que a Líbia se torne num verdadeiro inferno para um povo que ousa sonhar com a libertação do déspota que o oprime há 42 anos.

Portugal, em nome do apregoado realismo económico, não resistiu a uma aliança espúria que, agora, irá agravar a nossa situação financeira. Continuamos a não saber escolher os aliados!

Entretanto, aqui mais perto, o abuso de poder e a falta de respeito ameaçam virar enxurrada… E nem vale a pena referir esses maus exemplos tão eloquentes eles se afiguram.

De facto, os exemplos só deveriam ser apontados para ajudar a desbravar caminhos!

16.2.11

Impulsos contrários… Basta!

Chove, venta, neva mesmo… as árvores burguesas tombam sobre automóveis incautos e os guarda-chuvas chineses naufragam na via pública. As imagens de telhados revoltos, de campanários esventrados, de populares aterrados, apesar dos santinhos, entram-nos pela casa dentro… Tudo de foguete como se o fim num ápice se aproximasse!

As greves em empresas ruinosas proliferam alheias ao estado das centenas de milhares de desempregados… sem perceberem que de empregados grevistas passarão rapidamente a descartáveis, bastando uma abordagem sistémica do problema da dívida para que a maioria das empresas públicas seja definitivamente encerradas.

Se à ventania nada podemos opor, o mesmo já não se pode dizer no que respeita à insensatez da gestão dos recursos públicos: BASTA!

12.2.11

Pingarelhos…

Enquanto que, no Egipto, os generais contam as armas e redistribuem as comendas, e o povo celebra nas ruas a ilusão, por aqui armamos ao pingarelho: o Bloco de Esquerda sonha que tem do seu lado mais de 50% dos portugueses; o PSD faz de conta que se preocupa com a sorte do povo e por isso adia a decisão há muito tomada – deixar ao PS a aplicação da política ruinosa dos credores; o PCP, pudico, dá ares de cortesã ultrajada e promete avançar orgulhosamente com a sua moçãozinha; o CDS, enredado na farsa de plebiscitar o pequeno «duce», mas pronto a avançar para qualquer poleiro… enquanto o PS continua a encenar histrionicamente a morte da Pátria, lavando as mãos olímpicas…

Bom seria que a revolta saísse à rua, livre de grilhetas, e varresse a cambada que há longos anos saqueia a Pátria! Mas como se o saque nos corrói desde a fundação?

1.1.11

Esquecidos…

De que a nossa vocação é a água, continuamos a “meter água” na Europa… Indiferentes à luz e à sombra, continuamos a beber-lhes o champanhe… Tudo porque um grupo pequeníssimo de portugueses tem na Europa o seu maná…

14.12.10

A medida errada…

A União Europeia comporta-se actualmente qual Procusto que tinha a mania de deitar os seus convidados num leito a cujo tamanho os adaptava.  O directório europeu, depois de ter engordado os países periféricos, decidiu agora emagrecê-los, desprezando por inteiro os seus efeitos.

E o que é que os governantes da periferia europeia fazem? Obedecem servilmente.

E as várias corporações que posição tomam? Reivindicam a manutenção dos privilégios.

A ninguém parece importar que a opção europeia tenha sido tomada sacrificando a milenar posição de Portugal no mundo. E por isso ainda não percebemos que o euro é uma má moeda que, por mais que a estiquemos ou a encolhamos, não corresponde à nossa medida.

8.12.10

Os discípulos de Rousseau e de Freud…

Finalmente, encontrei quem, sobre a decadência da sociedade e da escola, enuncia as causas sem rodeios. Embora Francesco Alberoni não o explicite nesta crónica, os discípulos de Rousseau e de Freud insistem em prestar um mau serviço à comunidade…

25.11.10

O dissídio…

Podia chamar-lhe desinteligência, mas não foi essa a palavra que me atravessou a mente ao reparar na penumbra em que mergulhou o país. Perante a crise, em vez da união dos parlamentares para impedir que as desigualdades se acentuem, assistimos à aprovação de um orçamento que cria ainda mais clivagens. Protegem-se as remunerações de sectores onde o compadrio grassa e, ao mesmo tempo, ignora-se o crescimento da vaga de desempregados e de trabalhadores precários…

O argumento de que os quadros das empresas públicas podem fugir é ridículo, pois se o fizerem, isso significa que lhes falta solidariedade, não merecendo a remuneração que auferem. Que o façam e depressa! Ninguém é insubstituível num país em que milhares de jovens qualificados espreitam, em vão, uma oportunidade.

A militância partidária não pode continuar a substituir a competência daqueles que não sacrificam aos deuses de moda, sejam eles quais forem.

O orçamento que, amanhã, vai ser aprovado mata definitivamente os anseios de Abril de 74! Doravante, já não basta o direito à indignação! Às vítimas exige-se que levantem a cabeça e destruam as cercas que os muram.

A começar pelos mercados…

27.10.10

No caminho (in)certo…

Diz-nos Gonçalo M.Tavares que «o tipo de texto leva-nos sempre a sítios diferentes». Infelizmente, o português parece ignorar este princípio, insistindo em «falar de si» como se nada mais existisse ou como se só existisse um único tipo de texto. A opinião salta, assertiva, desprezando o estudo e contornando os argumentos, em nome da soberba e da vaidade…

Se nos libertássemos  da opinião e experimentássemos as regras dos caminhos, descobriríamos novos horizontes. Mas não. Preferimos hostilizar toda e qualquer regra, desde da contabilística à da cortesia… Desregrados, seguimos por encostas suicidas…

(Em absconso solilóquio, o ministro das finanças fala de objectivos que já não são nossos!)

15.10.10

Fibra a fibra…

«O tempo é terrivelmente longo, fibra a fibra, e de repente – por onde se escoa ele?» José Rodrigues Miguéis, A Escola do Paraíso

De tal modo se escoa o tempo, que, ultimamente, tenho evitado falar dele. Os sinais de quebra acentuam-se a cada passo e, paradoxalmente, a CRISE torna as horas absurdas e estupidifica as mentes em ânsias ensurdecedoras…

Falta o tempo e, ao mesmo tempo, cresce o desânimo. Há vidas que subitamente perdem sentido. Parece que regressamos aos tempos dos «vencidos da vida»…, ou da estagnação do «estado novo»…

A CRISE alastra punindo quem cumpre e /ou quem tem menos recursos, enquanto a economia paralela sobrevive impune. Não só o Governo não explica como é que delapida as receitas fiscais e os empréstimos sucessivos obtidos no exterior, como descura a fiscalização de uma multiplicidade de actividades que não pagam qualquer tipo de impostos.

O novo orçamento de estado reduz a pele e o osso o cidadão cumpridor. Ao lado, engordam os onzeneiros e os cadongueiros…

29.9.10

Credores externos e internos…

Parece impossível escapar às medidas draconianas anunciadas pelo Governo. No entanto, não acredito. De facto, os funcionários públicos  não poderão evitar essas medidas. Mas, quanto aos restantes portugueses o que é que vai acontecer?

O Governo só pensa em cobrar, e isso parece fácil enquanto o país não estiver reduzido a pele e osso. O Governo teima em argumentar com a necessidade de cumprir os compromissos com os credores externos e esquece-se deliberadamente de apresentar contas aos credores internos.

Para satisfazer a gula externa, vamos sacrificar os trabalhadores cumpridores (e só estes!). Até quando?

Em nome da contabilidade nacional, todos os serviços deveriam suspender os projectos inconsequentes  que, na maioria dos casos, são factores de desperdício de tempo e de energia.  Por exemplo, no caso da educação, o actual modelo de avaliação que visa, acima de tudo, condicionar a progressão dos funcionários deve ser suspenso, pois o congelamento das progressões torna-o o obsoleto. Tomada a medida e, por arrasto, a primeira estrutura a desabar deveria ser o Conselho Científico responsável pela Avaliação…