Dá-se com uma mão e tira-se com a outra. Entre o dar e o tirar, cessa a propaganda e morre o projecto. Entretanto, os bolsos de uns tantos vão enchendo, e o país fica de mãos a abanar.
Assim estou eu, de mãos vazias, à espera das sobras que caem da mesa dos ricos. E enquanto espero, não me pronuncio... não vão os esbirros do Pina Manique voltar à rua, em nome da rainha louca, levada em braços para o Brasil, e deixando, para trás, um reino de mãos a abanar.
Mãos cheias, mãos vazias. E eu, obrigado a servir de mãos vazias... Se fosse o único, consideraria essa situação como justa punição, mas não, à volta, uma multidão implora, de mãos vazias... e a esfíngica sécia, nos braços da sua loucura, esbraceja nas ondas atlânticas...
(Do fundo do mar, eleva-se D. Miguel, pronto a casar com a infanta real, não fosse ficar de mãos a abanar.)
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