Dizem versos, os poetas / dois anónimos pássaros /
saltitam entre flores /
para além da superfície vítrea. //
A abóbada do planetário ondula /
suave em verde-amarelo redemoinho /
num pequeno quadrado líquido. //
As palavras dum tempo, perdidas /
atentas às inconveniências, correm/nostálgicas, elegíacas, jocosas. //
Perdem-se, os poetas /
há muito deixei de ouvir o Patraquim /ousou anoitecer o Mia Couto /
o Echevarria secou-me o pomar /
a Maria Teresa Horta passou, altiva//
O sol cai sobre o planetário /
por detrás dos arames, o verde abafa o amarelo /
longe, eleva-se uma grua /
perto, os corpos abrem em sorriso/
sobre um tapete vermelho, as mãos /acenam aos poetas inefáveis.//
Que pena não ser a poesia celebrada todos os dias, em todos os lugares e por mais gente...
ResponderEliminarSerá que se perdem mesmo os poetas, ou não será que somos nós que nos perdemos perdendo o tempo necessário para os ouvir?
Gostei do poema-desabafo-alerta por entre o verde - ou em torno dele.