21.3.09

Dizem versos, os poetas

Dizem versos, os poetas / dois anónimos pássaros / saltitam entre flores / para além da superfície vítrea. // A abóbada do planetário ondula / suave em verde-amarelo redemoinho / num pequeno quadrado líquido. // As palavras dum tempo, perdidas / atentas às inconveniências, correm/nostálgicas, elegíacas, jocosas. // Perdem-se, os poetas / há muito deixei de ouvir o Patraquim /ousou anoitecer o Mia Couto / o Echevarria secou-me o pomar / a Maria Teresa Horta passou, altiva// O sol cai sobre o planetário / por detrás dos arames, o verde abafa o amarelo / longe, eleva-se uma grua / perto, os corpos abrem em sorriso/
sobre um tapete vermelho, as mãos /acenam aos poetas inefáveis.//

1 comentário:

  1. Que pena não ser a poesia celebrada todos os dias, em todos os lugares e por mais gente...
    Será que se perdem mesmo os poetas, ou não será que somos nós que nos perdemos perdendo o tempo necessário para os ouvir?
    Gostei do poema-desabafo-alerta por entre o verde - ou em torno dele.

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