Sócrates: «Sempre pensei que os oradores e os sofistas são os únicos que não têm direito a censurar aqueles que educam pelo facto de estes serem maus para eles, porque, acusando-os, se acusam a si próprios de não lhes ter prestado os serviços que dizem ter prestado. Não será assim?», Platão, Górgias
As celebrações do 10 de Junho voltaram a servir para acusar os portugueses de descrença e de indiferença, na linguagem simples de Platão, de serem maus portugueses. Nem todos que também há bons portugueses, embora quase sempre aposentados! Certamente que os condecorados pertencem ao escol da Pátria: ex-ministros, militares ilustres, professores universitários, de preferência catedráticos, um outro artista mais ou menos desconhecido do povo, vários empresários, um capelão – no essencial, representantes de corporações e de minorias esclarecidas.
Desta vez, Cavaco assumiu que os políticos são maus portugueses e, ao mesmo tempo, saltou fora da barcaça, apresentando-se limpo de qualquer mau serviço prestado à Pátria. Preferiu deixar o recado que também ele merece ser condecorado, ele que insiste em insinuar na praça pública o que deveria debater em privado com Sócrates e Gama.
Do passado brota o bem, do presente jorra o mal.
António Barreto, por seu lado, exortou-nos, qual heterónimo pessoano, a descobrir bons exemplos já não no passado mas, sim, no presente! Creio, no entanto, que a emoção de participar no evento o impediu de ver a bandeja de condecorados servida pelo presidente. Todos bons exemplos! O orador bem poderia ter aproveitado para contar a história de alguns dos agraciados.
Há muito que nos contam "estórias" de proveito e exemplo e Barreto esteve próximo, mas falhou o momento.
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