24.6.13

Silva Carvalho e Mário de Carvalho

«O real não é uma manifestação da matéria. / O real é a matéria de onde irrompem as coisas.» Silva Carvalho, Logo, Só Há História, 2013
 
Silva Carvalho é um escultor da palavra que nos pode deslumbrar se tivermos tempo para nos fixar nessa casca rude da matéria de que irrompemos. Como ele há muito poucos! Presentemente, vou lendo Mário de Carvalho (O Varandim / Ocaso em Carvangel, 2012), para quem a reconstituição de léxicos específicos é um modo de reconstituir atividades extintas e/ou longínquas.
Não sei se estes dois escritores se frequentam, mas creio que ambos, cada um à sua maneira, vivem obsessivamente a captura do real, da matéria na sua extensão e duração.
De momento, não me sinto autorizado a ensaiar um comentário mais aprofundado. Mas sinto que ambos merecem ser lidos atentamente, apesar de saber que os leitores preferem uma língua simplificada, esburgada de referencialidade.
Na verdade, vivemos num tempo formatado, que, apesar da globalização, ignora a duração (História) e prefere o GPS.  

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