8.12.13

A Ilusão da Água Lilás

Para sacudir o frio e o rosário de respostas quase iguais - triste exemplo de sucesso escolar -, subi A MONTANHA da ÁGUA LILÁS, de Pepetela, e por um tempo breve instalei-me na sua encosta, como se de regresso ao Calpe primordial.
A fábula, repartida por 16 "jornadas", situa-se num Morro de Poesia, habitado por «uns estranhos seres cor de laranja, diferentes de todos os outros da Terra». Repartiam-se por «cambutinhas do tamanho de coelhos», e «Lupis» que tinham a particularidade de «lupilar», isto é, expressavam o contentamento ou a tristeza através do grito «lupi-lupi-lupi»...
(...)
Pelo que se vê, os Lupi ainda estão entre nós, embora a sua história se tenha revelado inútil, tudo porque a «água lilás», apesar de lhes matar as carraças e de lhes alegrar os humores, se esgotou depois de ter sido objeto de longa disputa entre Jaculapis, Lupões e os animais da planície ( rinocerontes, leões, onças, hienas, lagartos, cobras...)
«E como toda a estória tem um fim», «a montanha de repente ficara seca de água lilás. Só os tanques vazios e um vago perfume que neles ficou mostrava que um dia, tinha existido ali.»
Desse tempo fabuloso, apenas restam o lupi-poeta e lupi-pensador que continuam «a lupilar, todos contentes com a alegria que dá aspirar o perfume da água lilás.
Só que ainda é cedo para a fazer sair!

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