Meu caro João Paulo Videira, como facilmente compreenderás, a minha odisseia no hospital de S. José não me permite ainda decifrar o título. Na verdade só li 34 páginas! Como neste tipo de narrativas, eu costumo aconselhar os alunos a ler atentamente o primeiro capítulo e, no caso de fadiga intelectual, a ler de imediato o último, fica desde já registado que o texto flui como o Almonda natal do outro José, o Saramago, e por isso não sinto qualquer vontade de ir ler os últimos parágrafos... (com a vantagem de não obrigar a exercícios de retroação por causa da maligna pontuação!)
Repara tu na coincidência, o Saramago da Azinhaga, tão perto de Alcanena e longe da Selva, parece que trabalhou neste hospital, de S. José, que me vai impedindo de continuar a leitura..., mas não posso esconder que a narrativa da doméstica Maria de Lurdes, entre-cruzada com a narrativa da Criação do Mundo, ambas sobrevoadas por um narrador guloso e travesso, me trouxeram de imediato um outro memorial distante da Serra de Aires...
Meu caro João Paulo Videira, vais ter paciência, mas este "esgaravunha" vai necessitar de mais leitura para poder continuar este cavaco, embora comece a ter pena da Maria de Lurdes, pois nos tempos que correm ou ela muda de vida, de carlos manuel, de família... ou acabará por morrer na miséria, pois os passos que nos governam nem uma maria de lurdes tiveram na vida. Ou será que têm?
Caríssimo Manuel C. Gomes, toma o teu tempo, resolve as urgências hospitalares que sempre nos relegam o espírito para dentro da circunscrição do corpo e escreve, depois, como te aprouver. E sempre com a mesma inteireza e honestidade que todos te reconhecemos. E, parafraseando Manuel Laranjeira, não me faças bonito que é coisa que não sou. Zurze... Para já, quase me arrancaste uma lágrima impertinente pois que a generosa comparação com o José, o que trabalhou no hospital que agora te retém, me beneficia a mim em exagerada proporção! Um forte abraço, jpv
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