As muralhas não estão à vista, as 77 torres foram deitadas abaixo e das 38 portas, sobraram algumas chaves, entretanto, oferecidas pelo alcaide aos forasteiros que, de tempos a tempos, nos visitam...
Descurada a defesa, apenas a voracidade campeia no arraial. A fome já lá vai - os homens deixaram de esgaravatar nas lixeiras, as crianças de três e quatro anos dormem tranquilamente nos infantários, e as mães já não precisam de ferir os peitos à míngua de leite materno...
O cerco é coisa do passado!
Já não há cidades sitiadas, embora haja quem persista em edificar muros - uns de arame farpado, outros de cimento eletrificado. De vez em quando, surgem notícias de Aleppo ou da Faixa de Gaza, mas dizem-me que esses lugares não existem, que não passam de reminiscências esventradas por deuses de outrora...
Gostava de ter a fé do historiador José Mattoso que considera que a História « responde, muito simplesmente, a uma curiosidade inata no Homem para com as suas próprias ações individuais e coletivas...» Blogue de José Mattoso (26.10.2014)
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