16.6.18

O meu campo é o tempo

«L'absurde ne délivre pas, il lie. Il n'autorise pas tous les actes. Tout est permis ne signifie pas que rien n'est défendu.» Albert Camus, L´homme absurde.

Nascido e criado num mundo essencialista, levei algum tempo a rejeitá-lo. A dado momento, atraído pela visão existencialista sartriana, vulgarizada, em termos literários e ensaísticos, por Vergílio Ferreira, caí num niilismo que me provocava calafrios, pois, apesar de tudo, para mim, a liberdade não poderia ser absoluta pelo mal que traria ao Outro, ao Cosmos, ao futuro de ambos…
A necessidade de negar o determinismo conduziu-me a um princípio enunciado por Goethe: «o meu campo é o tempo.» Dito de outro modo, fiz minha a ideia de que sou o meu tempo, nem o anterior nem o ulterior, o que não significa amputar e rejeitar as raízes nem alhear-me das consequências dos meus atos.
Esta consciência da situação em que encontro ajuda-me a separar o trigo do joio numa época em que a morte do Outro se tornou num vulgar gesto instantâneo...

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