2.3.19

Borrões, aquelas cartas

Borrões, aquelas cartas… Melhor seria que não tivessem sido escritas.
Que se saiba, desapareceram todas. De qualquer modo, resta ainda uma memória zangada, apesar do interlocutor também ter tido razões de sobra para se sentir ultrajado. Lá no fundo, a indecência nascia de um acerto de contas irracional, como se o outro, anterior ou coevo, pudesse determinar o caminho… 
A página azulada, mais do que expressão da solidão, corria vergastada de vingança não do passado mas da separação… nesse tempo em que tudo se esvaziava no sono quase diurno do que poderia ter sido a primavera…
Borrões de dor desnecessária, aquelas cartas melhor seria que nunca tivessem sido escritas… Essa primavera que nunca chegou a acontecer… ou que se chegou, foi tarde e com outras cores...

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