3.6.19

Do lado de Agustina

«O mundo tornou-se categórico quanto ao que é demonstrável; o que é iluminado desconcerta-o.» Agustina Bessa-Luís, O retrato, 28 Agosto 1968.

Tantos foram os anos a ler "A Sibila", no tempo em que ainda havia leitores para aquele matriarcado intratável, que, desconcertado, eu imaginava que aquele não era o meu país, mas deixava-me conduzir aos lugares mais sagrados e abjetos de que ainda guardo memória - os cheiros pestilentos, as calosidades rochosos, os segredos biliosos, as invejas de morrer. A insídia. A morte suja que não abria as portas do paraíso, a não ser a algum custódio…
Havia um outro lado, que se iluminava nas páginas de Agustina, e que agora se extinguiu, a não ser que os leitores regressem, o que se afigura nada provável… 

4 junho 2019

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje que Agustina Bessa-Luís, escritora que morreu na segunda-feira, "está no Panteão do coração de todos os portugueses"
Ainda se estivesse no coração, agora no "Panteão do coração"... Rima, mas é só verborreia.

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