14.1.21

No tempo morto


Estava a pensar que, quando fosse ao supermercado, poderia comprar um livro para ocupar o tempo morto, mas não é possível. Em alternativa, posso-me empanturrar de carnes e de bebidas mais ou menos espirituosas... que me adormecerão os sentidos e me atrofiarão a mente...

Parece-me uma estratégia acertada, pois, lá pelo meio do confinamento, terei de passar pela mesa de voto, e, nesse dia, comprenderei certamente que a leitura só me teria emperrado o discernimento…

E a propósito de palavras soltas, quero testemunhar, aqui, que, nos últimos meses, entrei por duas vezes numa igreja e não senti que o vento frio tivesse afetado qualquer um dos participantes na cerimónia - respetivamento, um funeral e um casamento…

Fiquei até com a sensação que, se desligarmos o ar condicionado e abrirmos as portas, tudo correrá de feição. 

No entanto, sempre que entro numa igreja, lembro-me dos comediantes que durante séculos se viram impedidos de deixar os ossos em solo sagrado. 

Talvez seja em nome dessa memória que respeitamos o Templo e deixamos que a Cultura definhe...

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