18.10.11

Literatura e finanças…

A literatura pouco fala de finanças! Os trovadores defendiam que os jograis e os segréis passassem fome, sobretudo se estes lhes fizessem sombra. Fernão Lopes lá refere os cronistas de barriga cheia e de barriga vazia: a fidelidade ao suserano era bem diversa. Gil Vicente refere-se quase sempre aos roubos de fartar vilanagem que não poupavam ninguém. Todos roubavam e todos eram roubados. Os judeus seriam os únicos a rir, mas nem no inferno os queriam.Camões servia trovas aos amigos enquanto a tença valsava nos salões do paço…. e por aí fora. Eça sentia-se roubado pela choldra. Pessoa encharcava-se em aguardente à espera de melhores dias, confiado em Jesus Cristo que nada sabia de finanças! Jorge de Sena, eterno incompreendido,  mal ganhava para alimentar os filhos.Saramago insistia em abrir a burra ao proletariado na ânsia de um milagre igualitário…Dos escritores indignados, nada sei, embora suspeite que deliram por um qualquer subsídio que lhes permita ir escriturando…

No meu caso, que nada percebo de literatura e ainda menos de finanças, creio que o melhor para que o país não se dilua irremediavelmente será diminuir drasticamente a carga fiscal sobre toda a produção nacional, e aumentá-la em 100% para todos os produtos importados. Mas todos!

Sejamos mestres na arte de cotejar. Os nossos credores ficariam satisfeitíssimos connosco!

16.10.11

Vértices

Regresso e não me lembro do marco. Sei que, em tempos, a colocação de um marco era uma questão séria – uma questão de morte. A vida que restava era de eterna fuga. Hoje, a clareza do caminho não me devolve a incerteza do atalho de outrora. No entanto, ainda há quem estabeleça a fronteira; ainda há quem, se eu deslocasse o marco, me ceifasse a vida e a abandonasse no mato até que este me absorvesse definitivamente.

Na verdade, regressar é impossível; renascer é fogo-fátuo. Só me resta adaptar-me ao marco que ali enxergo, embora ainda tenha algum tempo para procurar os vértices e cavar um derradeiro fosso. Não sei se dentro se fora do quadrado…

Bem sei que poderia contar várias “estórias”: da estaca ao escalo, sem ignorar o moderno pilarete. Mas para quê? Em qualquer caso, teria de falar de interesses, negócios, lucros, monopólios, acionistas… e isso deixou de me interessar.

Vou seguir a curva e procurar novo vértice. E ainda me resta saber, se vou pela direita se pela esquerda. E talvez possa seguir em frente. Parece-me que se o fizer, acabarei por descobrir outro vértice. Inesperado? Sim, acabo de destruir a teoria do quadrado!

/MCG

14.10.11

Subtrair…

Se a arte acrescenta; a política subtrai!

Depois de 13 de outubro de 2011, de nada serve argumentar! Abril morreu…

13.10.11

Acrescentar…

Há quem defenda que a arte não se explica! Mas se assim fosse como é que saberíamos que se trata de arte? Como é que saberíamos que estamos perante um artista?

Na minha modesta opinião, a explicação da arte passa pela capacidade de ajudar a obra a atingir um público que a legitime não pelo seu custo, mas, sim, pelo que lhe acrescenta – pelo que acrescenta ao cosmos.

É esse acréscimo que me interessa e que eu talvez possa explicar se me souber colocar diante do livro, do quadro, da escultura, da canção, do filme…

E por isso mais do que incluir em qualquer programa o conhecimento da arte, o essencial é  aprender a colocar-se perante o outro, sobretudo, perante aquele que persiste em não deixar o mundo sem lhe ter acrescentado beleza, bondade, verdade… novidade.

11.10.11

Preconceito ou desfaçatez?

O desassossego cresce sempre que a tomada de decisão se avizinha.

Na maioria das situações, o resultado é calculado. E nem a infinidade de itens esconde a manipulação.

É como se o valor das parcelas fosse fingido para que a soma final mais não seja que a confirmação do preconceito.

Resultados há, no entanto, que nem o preconceito consegue justificar tal é a desfaçatez!

8.10.11

Uma tarde exótica…

Depois da minha presença se ter transformado em poleiro nos jardins do palácio Galveias, percebi que o fim de tarde ia ser diferente. Uma hora mais tarde, a Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro Pedro Neves - após ter magnificamente acolhido Instante, de Carlos Caires, e Tamila Kharambura, vencedora da 1ª edição do Festival Jovens Músicos - executou, de forma exímia, Vathek, de Luís Freitas Branco (1890-1955).

Contida a emoção, acentua-se a consciência de que, afinal, nada sabia sobre a origem deste poema sinfónico, Vathek (1913), inspirado na obra homónima ( escrita em1782) de William Beckford. Um romance gótico de um viajante profundamente ligado a Sintra.

Falta tempo para tanto caminho! Talvez, os pombos…

5.10.11

Feriados e mais feriados

A República não só não soube tirar-nos da decadência como nos atirou para os braços de um ditador autista que, por seu turno, gerou um regime, pretensamente libertador, mas que nos ostraciza definitivamente.
Na situação atual, um feriado a meio da semana só pode significar que continuamos a não perceber que necessitamos de mudar de vida. E vêm aí mais feriados e dias santos – 1 de Novembro; 1 de Dezembro; 8 de Dezembro; 25 de Dezembro… E não sei quantos feriados municipais!
O Senhor Presidente da República, se não quer ser lembrado como coveiro da Pátria, bem poderia começar por exigir ao Parlamento que elimine a maioria dos feriados e dias santos.