15.8.14

Dúvidas sobre a Prova de Conhecimentos - Curso de Formação de Guardas

Por acaso, tive acesso à Prova de Conhecimentos 2014 (Modelo) a realizar pelos candidatos ao Curso de Formação de Guardas. Uma prova constituída por 80 perguntas (escolha múltipla), distribuídas por quatro Grupos: Língua Portuguesa; Cultura Geral sobre Temas da Atualidade; Lei Orgânica do GNR; Estatuto dos Militares da GNR.

Ao analisar o 1º Grupo, estranho a quantidade de perguntas de natureza gramatical. Os candidatos ao Curso de Formação de Guardas necessitam de ter uma elevada memória de conceitos gramaticais e, sobretudo, de ser capazes de os aplicar em situações de enorme ambiguidade, senão de discutível ciência... Pouco importa se sabem compor um texto, relatar um acontecimento, descrever um acidente, registar uma participação...

Por outro lado, sem questionar a importância dos 3º e 4º grupos, parece-me que o tipo de perguntas formuladas no 2º grupo é pouco relevante para avaliar o conhecimento do território, das suas populações e dos seus protagonistas. Parece que os candidatos estão a preparar-se para o concurso "quem quer ser milionário"...

Finalmente, da leitura do aviso de candidatura a este Curso não consigo entender quem é o júri responsável pela elaboração desta prova tão importante para os jovens que procuram através da entrada na Guarda resolver um dos problemas que mais os afectam...
MCG

14.8.14

Esta noite vou dormir descansado


Esta noite vou dormir descansado: os cortes salariais mantêm-se em 2014 e 2015. O Tribunal Constitucional sentenciou que só a partir de 2016 esses cortes serão inconstitucionais...

Esta noite vou dormir descansado: os médicos consideraram que não tenho razões imediatas para me preocupar. Porém não me asseguraram que em 2016 o meu estado clínico se mantenha estável...

Esta noite vou dormir descansado: ainda não será amanhã que me aposentarei. A Caixa Geral de Aposentações aconselhou-me a escrever uma carta ao Diretor a requerer que me liberte apenas quando for possível estabelecer o valor final da pensão unificada. Sem a referida carta poderia ser despachado a qualquer momento...

Para bom entendedor...

E termino citando  Salazar, em Março de 1938: A União Nacional devia ser reanimada de modo a levar a cabo a tarefa crucial de «intensificar a educação política do povo português para garantia da continuidade revolucionária.» Filipe Ribeiro Meneses, Salazar, vol. II, pág.71

Esta noite vou dormir descansado...

13.8.14

Ocultação sem precedentes


Quanto mais leio sobre a autoridade que supervisiona o funcionamento dos bancos com alvará para atuar em Portugal, mais convencido fico que os portugueses estão a ser submetidos a um processo de ocultação sem precedentes.
Isto do supervisor dos bancos se sobrepor à autoridade judicial intriga-me, enjoa-me. Afinal, quem é que confere ao Governador do Banco de Portugal legitimidade para, em seu critério, decidir disponibilizar  à justiça eventuais indícios (provas) de fraude praticada pelos banqueiros?

Ao fingir que o Bem  pode ser separado do Mal, o Governador lembra aqueles "ricos" que decidem murar-se em condomínios fechados para fugir dos "pobres" que, inevitavelmente, veem como um risco. Como não podem esconder a pobreza, os "ricos" passam a viver em fortalezas onde tudo é permitido... Os "ricos" não sabem viver sem porta! Claro que estes "ricos" não têm imaginação suficiente para se defenderem e por isso, tradicionalmente, viviam cercados de escritórios de advogados, de seguranças, de sistemas de defesa eletrónicos... Mas isso, hoje, não chega: os "ricos" ( e os ministros, seus servidores, passe a redundância) nomeiam os reguladores, os supervisores, os assessores, os auditores... E com essa estratégia vão afastando definitivamente o poder judicial ...

12.8.14

Filhos, nunca digam que são meus filhos!


Aos 31 anos, Luís Durão Barroso vai integrar os quadros do Banco de Portugal, após uma contratação sem concurso, adianta o Jornal de Negócios. O filho de Durão Barroso terá “comprovada competência” e foi contratado para o Departamento de Supervisão Prudencial.
Os meus filhos não têm culpa do pai não ser presidente, ministro, deputado, banqueiro, administrador, autarca, diretor, empresário... 
Os meus filhos gastam os dias a entregar currículos que ninguém lê, embora, por vezes, cheguem a ser entrevistados. O resultado é inevitavelmente o mesmo: os meus filhos são demasiado habilitados...
Os meus filhos, por serem filhos de quem são, nunca serão contratados por lhes ser reconhecida "comprovada competência"...
O único conselho que posso deixar aos meus filhos: Filhos, nunca digam que não são filhos de presidente, ministro, deputado, banqueiro, administrador, autarca, diretor, empresário...
Espero que os meus filhos me perdoem...

11.8.14

Procedimento Derivacional

Lista homologada dos candidatos excluídos
Divulga-se a Lista dos candidatos excluídos do Procedimento Concursal Comum

Acabo de consultar o sítio da Direção-Geral de Educação (DGE), à procura de confirmação de uma notícia veiculada pelos jornais: os professores que esperam aposentação podem solicitar ao respetivo diretor dispensa da atividade letiva...

Não encontrei confirmação, mas pude confirmar que entre 1 e 8 de agosto não há notícias relevantes, à exceção da pérola em epígrafe...

Curiosamente, em nenhum dos enunciados há um sujeito expresso, um pouco como se, no MEC, tudo fosse fruto de uma engrenagem automatizada.
Não posso deixar de apreciar a subtileza da utilização da maiúscula e da subalternização dos "candidatos excluídos" e, sobretudo, admiro o engenho de quem teve a ideia de substituir o  nome "concurso" pela expressão "Procedimento Concursal Comum". É obra!
Em particular, sinto-me arrebatado pelo adjetivo "concursal". Um exemplo precioso do que é um adjetivo relacional.
Estão a ver: a) é o adjetivo derivado de base nominal, que permite a expressão "relacionado com N", sendo o Nome (N) a forma derivante.
Exemplos: relacional / relação (N); nominal / nome (N); teatral / teatro (N); concursal / concurso (N); educacional / educação (N)...

E quanto ao Procedimento Concursal, se não fosse Comum o que seria?  Eu optaria pela minúscula, o que exigiria, no entanto, homologação prévia. De quem? E lá voltaríamos ao sujeito. Ao Sujeito?

10.8.14

Em Agosto

Dá vontade de perguntar se, em agosto, vale a pena escrever, apesar de nenhum escrevente viver suspenso do leitor estival. No entanto, a pergunta faz sentido. Basta pensar na degradação do gosto, ostentada horas a fio nas televisões e nas redes sociais. Basta pensar na degradação de toda a classe política enfeudada a seitas, a banqueiros, a construtores civis, a dirigentes desportivos…
No país do bocejo e da boçalidade, já não espanta que um artista como Rui Veloso tenha decidido suspender a carreira. Há tempos, Fernando Tordo decidira emigrar…
Infelizmente, dizer que se suspende o que quer que seja  acaba por ser um modo eufemístico de anunciar o fim de uma certa realidade em vias de dar lugar a uma outra ainda mais pobre.
Dá vontade

9.8.14

Em nome dos bancos

«… a Constituição de 1933 era o instrumento da vontade de Salazar; ele explorou cada artigo a seu favor, interpretou as suas ambiguidades como muito bem entendeu e reescreveu artigos quando já não lhe convinham. Nada nela era afinal definitivo; nenhuma instituição ou prática por ela criada tinha a garantia de uma vida longa ou de sobrevivência.» Salazar, vol.II, de Filipe Ribeiro de Menezes.

Ao ler a biografia política de Salazar,  não posso deixar de pensar nos homens que nos governam.  Com a cumplicidade de Carmona, Salazar gizou um projeto pessoal de poder, manipulando a Constituição e afastando todos os que publicamente se atreviam a contestá-lo, de modo a eternizar-se como homem providencial.

Atualmente, tudo é gizado do mesmo modo, só que somos governados não por um mas por vários salazares. E sempre sob a cumplicidade do presidente de serviço…

Carmona agia em nome do Exército ( a ditadura militar). Hoje quem mais ordena é a Banca (a ditadura financeira).