22.5.06

Há algo de errado em Al-Kassar!

«Era o ano no mês de Abril, quando enflorescem as árvores, e as aves, que até então estiveram caladas, começam d'andar fazendo suas querelas doutro ano por entre o arvoredo deste vale, que bem podeis ver quejando seria então, pois agora o é tanto.»
Bernardim Ribeiro, Menina e Moça
Embora não tivesse visto, em Al-Kassar, qualquer sombra dos salacianos Bernardim Ribeiro e Pedro Nunes - certamente porque não me esforcei o suficiente! - continuo a pensar que há algo de errado por estas paragens outrora tão interessantes para romanos, árabes e cristãos. A água abundante dos rios Sobrena, Sado, Xarrama e das ribeiras do Areão, Algalé, da Ursa e de S. Domingos deveria atrair mais dos que os cerca de 13 800 habitantes que povoam o concelho de Alcácer do Sal.
Não me parece que o clima mediterrânico possa ser responsabilizado por uma certa atmosfera de incúria: a vegetação já ressequida, em Maio, invade a cidade, tal como o lixo, parecendo anunciar uma próxima abertura de telejornal - Sem se compreender bem, o fogo grassa na cidade de Alcácer, não poupando sequer as moradias...
Ironicamente, o terreno, destinado às futuras instalações dos bombeiros, poderá muito bem ser o rastilho, tal o estado de abandono em que se encontra.
Mas Alcácer é apenas um mau exemplo entre milhares, num país, onde os governadores raramente deixam o ar condicionado dos seus torrões... e continuam, impunemente, na praça pública, a agitar milhões de euros para o combate aos incêndios que eles próprios ateiam...

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