3.5.06

Há dias...

«Enfim nestes cansados pensamentos,
Passo esta vida vã que sempre dura.»
Camões
Há dias em que, obliquamente, o desassossego alastra: as máquinas continuam no subsolo a molestar os cérebros imaturos. Impunes! Inexoráveis!...As máquinas?
E as incertezas avolumam-se, não no horizonte pessoano, mas, aqui, na soleira da porta, na valeta do caminho...
As agulhas acastelam-se em penumbra antecipada...
Todavia, ali, na Rua Tomás Ribeiro - o célebre autor do obliterado D. Jaime ou a Dominação de Castela (1862) -, encontro três jovens, que ignoram quem foi Tomás Ribeiro, e indiferentes à invasão espanhola que as sitia, me perguntam se podemos considerar os nomes próprios como deícticos.
E eu, compensando uma manhã de desânimo, respondi-lhes que sim, que os nomes próprios são indicadores, nos situam, individualizam, expressam o tipo de relação que mantemos com o Outro, quando lhe sabemos o nome próprio...
E Tomás Ribeiro, Fontes Pereira de Melo, José Fontana, Ventura Terra, Luís de Camões... a que tipo de deícticos corresponderão?
Aquelas três jovens, porém, estavam pragmaticamente preocupadas em saber se ALMA era ou não um deíctico?
E as agullhas deslocam-se indecisamente...

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