26.5.06

Ensinar-lhes a mentir...

«Se o meu filho fosse vivo (...) havia de lhe ensinar a mentir, a cuidar mais do fato que da consciência e da bolsa que da alma.» Matilde, in Felizmente Há Luar!, de Luís Sttau Monteiro
Estão diante de mim, risonhos, alinhados em conversas privadas. Sorriem-me, acenam-me com a cabeça e, despreocupados, ouvem-me repetir e exemplificar o que são aliterações, assonâncias, catáforas, anáforas (linguísticas com sabor palimpséstico!), pleonasmos e outras redundâncias (in)finitas...
Perante a fastidiosa iteração, interrompem-me para me perguntar se não ficava bem rirmo-nos um pouco dos eufemismos e eu corrijo-os porque o disfemismo é que é a expressão favorita dos 'alarves' que todas as noites vão ao teatro ou ao cinema «fingir nada terem a ver com o que se passa em cena».
(Uns minutos mais tarde...)
Esforçadamente, um aluno lê um monólogo sobre como educar numa sociedade que valoriza a aparência, o dinheiro, a mentira, enquanto que outros simulam uma leitura risível, alarve do que se passa em cena, dentro e fora da sala de aula...
( Toca a campainha: sorrateiramente, abandonamos o palco... para acordar na parada do Rock In Rio-Lisboa ou no Parque Tejo com o Super Bock Super Rock)
Post Scriptum: Já sei como explicar a neologia... basta dar-lhes a palavra no nosso próximo encontro... e ficar a ouvi-los, a ouvi-los... e então descobrirei uma nova realidade ou, pelo menos, que as palavras existentes adquiriram significados novos neste fim-de-semana!

Sem comentários:

Enviar um comentário