«Omnia praeclara tam difficilia quam rara sunt.» Espinosa, Ética (Todas as coisas dignas de atenção são tão difíceis quanto raras.)
Se todas as coisas nos merecessem a mesma atenção, o que é que aconteceria à nossa memória? Provavelmente, incapazes de tratar toda a informação, entraríamos em colapso. Deixaríamos de ordenar os dados, de os procurar interpretar, de os valorizar. E finalmente, entraríamos numa deriva nihilista interminável.
E se... se... a hipótese acabada de colocar já for realidade, então teremos perdido a capacidade de nos ocupar das coisas dignas de atenção - as raras e difíceis coisas!
Teremos perdido a capacidade de motivar os outros para essas raras e difíceis coisas dignas de atenção!
E por isso na próxima terça-feira, os meus alunos poderão finalmente perceber que, - tal como muitos já suspeitam - afinal, não há coisas dignas de atenção... pois um outro professor me substituirá com igual (superior!?) proveito, desde que lhe tenha deixado a aula planificada...
Espero, no entanto, que nenhum aluno leia esta observação. Caso isso aconteça, esclareço que a terça-feira, não é a próxima, mas, sim, uma qualquer terça-feira de 2007.
Apesar de tudo, sobra uma dúvida razoável: Se as coisas dignas de atenção são raras e difíceis, ainda haverá alguém para quem a dificuldade seja um estímulo?
Sem comentários:
Enviar um comentário