No dia em que o Blemias perdeu a sombra... o caderno que estava sobre o estirador que faz assessoria à criação por computador foi então guardando as manchas que instintivamente lhe eram distribuídas pelo pincel chinês, ajudado pelo colorido de umas velhas aguarelas…
A raça dos Blemias terá vivido no deserto sem nunca ter perdido a cabeça, a não ser quando os cabeças-a-descuberto se aventuraram por entre as dunas e, cegos pela areia, desataram a fugir perante aqueles distantes fantasmas que, para se protegerem dos inimigos, usavam uma máscara e um escudo que os protegia do nariz aos joelhos… uma miragem que acabou por gerar um ser mitológico muito bem animado pelo Jorge Castanho…
Algo me diz que não estamos a dar a devida atenção à obra do Jorge… Quanto a mim, espero que, havendo por aí tanta gente assombrada, o artista lhes recrie os diálogos, com ou sem escutas, e nos deixe ver o produto da sua imaginação.
Finalmente, confesso que frequentemente dou comigo perplexo com a minha dupla sombra, talvez porque ainda não me aventurei por nenhum deserto, apesar de se me atravessarem no caminho aqueles versos de Sophia /Para atravessar contigo o deserto do mundo / Para enfrentarmos juntos o terror da Morte/…
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