11.6.10

O Petrarquismo na lírica camoniana

Uma resposta para quem procura compreender o petrarquismo na lírica camoniana.

O petrarquismo
Uma maneira específica de encarar a relação entre a poesia e o sentimento amoroso que reivindica a correspondência entre a vivência amorosa e a poesia. Apresenta a novidade de se referir à caracterização do objecto da paixão, acentuando o facto de se tratar de um ser de carne e osso, desejável enquanto corpo, e, apenas, amado de forma exclusivamente espiritual, depois de morto.
O petrarquismo afasta-se progressivamente da angelização e da divinização da amada (do dolce stil nuovo).
Em Petrarca, misturam-se elementos contrários: aspiração à possibilidade de contemplar, em estado de pureza, a amada; e o desejo de posse física. Esta contradição provoca angústia e o despertar de uma consciência pecaminosa.
Petrarca encontra-se assim dividido entre impulsos opostos e por isso recorre a imagens e figuras de estilo capazes de descrever os efeitos da paixão em termos antitéticos e paradoxais.
Recorre a figuras de estilo como a metáfora, a antítese, o paradoxo, a hipérbole. Utiliza recorrentemente certos subgéneros poéticos como o soneto, a canção…
Em Camões, há um tempo em que imaginar não é bastante; falta-lhe a forma humana. Uma forma que chega a conduzi-lo ao desvario. Tudo «porque vos vi, minha Senhora.» Trata-se do tempo do desejo… o resto é imitação e memória. Imitação, onde cabe todo o passado das formas artísticas, que serve para apurar a pena. E memória que, apesar da morte do desejo, não deixa de ser mais simpática que «a apagada e vil tristeza» em que o poeta fenece, sob a agonia da pátria.

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