4.6.10

Na morte de João Aguiar…

João Aguiar faleceu no dia 3 de Junho, aos 66 anos de idade. Antigo aluno do Liceu Camões, visitou a Escola Secundária de Camões no dia 13 de Abril de 2007, onde, no Auditório, perante uma plateia repleta de alunos, os encantou, lembrando a importância que os professores de Literatura Portuguesa, Maria da Conceição Caimoto e Mário Dionísio, tiveram na sua formação e retratando a vida austera vivida e sofrida no Liceu no final dos anos 50 e início dos anos 60.
Os alunos redescobriram, naquele dia 13 de Abril, o argumentista da Rua Sésamo (da 2ª à 4ª série) e de Inês de Portugal, tal como puderam interrogar o autor das colecções juvenis O Bando dos Quatro e Sebastião e os Mundos Secretos. E muitos deles revelaram conhecer os romances A Voz dos Deuses, Os Comedores de Pérolas e Inês de Portugal. Nesse ano, muitos foram os alunos que, no âmbito do contrato de leitura, leram João Casimiro Namorado de Aguiar.
Relembro, ainda, que nesse dia me prometeu escrever um testemunho para se associar ao centenário do edifício da Escola. Creio mesmo que foi nesse dia que surgiu a ideia dos testemunhos!
No entanto, ao consultar a obra LICEU de CAMÕES 100 ANOS DE TESTEMUNHOS, não dou conta de qualquer referência à sua colaboração. Talvez o seu espólio guarde, para a posteridade, um documento que nos ajude a compreender melhor aquele tempo dividido. Quem sabe?
João Aguiar morre num tempo de profunda confusão local e global de valores, agravada pelo caótico desregulamento financeiro e económico – crise por si prevista no romance O JARDIM DAS DELÍCIAS (2005).Trata-se de um romance sobre a União Europeia transformada em "Federação Europeia" no séc. XXI, em que o federalismo vai destruindo todos os símbolos identitários em nome de uma volúpia económica, conduzida pelos «conglomerados político-financeiros» que de fusão em fusão condicionam consumidores e governos tornando-se indissociáveis do poder político e da própria criação cultural.
Obrigado, João Aguiar.

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