A leitura de “Sociedade a dois” de Tenessee Williams não é estranha ao modo como percepciono as primeiras páginas dos Jornais: «José Sócrates desautoriza Amado e fecha as portas à “grande coligação”. No conto, duas bichas descobrem as vantagens comerciais e afectivas de uma vida a dois, embora saibam que aquela “sociedade” caducará inevitavelmente.
No caso de Sócrates, o factor psicológico (pessoal) sobrepõe-se ao factor social, pois é um daqueles homens que entrou na política já traumatizado. Deixo a explicação aos biógrafos, mas não posso deixar de pensar que as experiências pessoais lhe afectam, desde o início, a decisão política. Ainda por cima, o povo, que lhe dera uma maioria absoluta, traiu-o, retirando-lha e obrigando-o a procurar compromissos.
De facto, o povo não entendeu que este tipo de pessoa necessita de uma maioria absoluta para poder governar, pois Sócrates não pode aceitar os limites impostos pelo compromisso. E esta falta de entendimento não resulta de um capricho, mas de uma irremediável fenda na estrutura psíquica.
Um povo quando escolhe deveria saber mais sobre o carácter dos candidatos!
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