Na Loja do Cidadão: – «Se me tocas, mato-te, bandido!» (interlocutor invisível). - «É todos os dias a mesma coisa!» (coro de funcionários revoltados)
Na Praça em frente, dois moldavos sorriem gulosamente para uma carrinha de valores e parecem dizer: – «Logo, à noite, não nos escapas!» De facto, apenas esperavam uma loira emplumada…
Ao lado, na esplanada, uma «bica» alimenta horas de espera infrutífera… no país da (des)burocratização que consegue transformar salas de teatro em “lojas” de atendimento.Turistas pasmados fotografam a fachada do Éden e trocam olhares intrigados.
De manhã, ainda observo os movimentos e sinto os salpicos da chuva; ao fim da tarde, já ausente, oiço palavras marteladas, palavras dissidentes, palavras sectárias.
Fica-me, contudo, a ideia de que já não conto. A teia cobre-me o rosto como desce a noite. Sem avisar.
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