Farto de circunlóquios, mergulho nas páginas amarelecidas do Diário Popular do dia 25 de Outubro de 1979 e encontro, entre bares e prostíbulos, as divagações de Milheiro e de Baltasar sobre o modo como os portugueses encaram a realidade. (José Rodrigues Miguéis, O Amanhecer da Incerteza / Do «Idealista no Mundo Real»)
Interessante é ver que, em 1979, as viciosas personagens de Miguéis refletem sobre a nossa tendência para transigir com a vida, a nossa inclinação para o «compromisso pulha», apesar de, repetidamente, prometermos expor tudo no Roteiro da Safadeza Nacional. E é Milheiro que, já suficientemente alcoolizado, aponta a causa da nossa renúncia: a ilusão, nascida com Viriato, de que somos portadores de um grandioso destino.
Através de Milheiro, Miguéis mostra que não basta ler Camilo, Eça ou Junqueiro, porque a verdadeira Bíblia da Pátria deve ser procurada no Soldado Prático e na Peregrinação e, sobretudo, n’ A História Trágico-Marítima.
Mas isso era o que Miguéis propunha em 1979! E hoje, o que é que propomos?
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