25.7.16

Não é preciso fabricar mais armas...

Escrever sobre uma personagem, por exemplo, Julien Sorel, poderia ser uma hipótese. Mas parece-me arriscado. Stendhal criou-a para poder dar conta do modo como a ambição secava tudo à sua volta, mesmo que para tal tivesse que vestir a pele do lobo e do cordeiro. Julien Sorel ora veste uma ora veste outra, e em cada papel "esmaga" os que lhe caem na rede. Só que Julien Sorel não é um indivíduo, é a máscara do ser humano na primeira metade do século XIX francês. Mesmo quando vítima, Julien Sorel é carrasco...
Comecei por dizer que não queria arriscar, mas acabei por tecer um conjunto de considerações só justificadas pela vertigem de escrever...
E essa vertigem quer dar conta de pensamentos incompletos e desconfortáveis. Por exemplo, perante os novos terroristas do século XXI - jovens desadaptados que não suportam viver sem os luxos que a propaganda e o marketing lhes dizem estar ao seu alcance... pequenos delinquentes frustrados, mas conscientes de que só conseguirão a plenitude se forem notícia de sangue...
No turbilhão de ideias, uma se evidencia: a de que cada ser humano é uma arma em potência ou já em movimento. Não é preciso fabricar mais armas, basta espalhar a desigualdade e a injustiça!

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